Uma tartaruga-das-galápagos de cem anos, que vive no Zoológico da Filadélfia desde a década de 1930, tornou-se mãe pela primeira vez, marcando um momento inédito na história da instituição. A centenária botou 16 ovos no fim do ano passado, e quatro deles já eclodiram com sucesso.
Nascimento raro traz esperança para espécie ameaçada
Conhecida como Mommy, a tartaruga vive no zoológico desde 1932 e é da subespécie ocidental de Santa Cruz, criticamente ameaçada de extinção. Ela e seu parceiro, Abrazzo, também com cerca de cem anos, são os animais mais antigos do local.
🚀Participe do grupo VIP do Folha MS e receba as notícias em primeira mão📣
O primeiro dos filhotes nasceu no dia 27 de fevereiro, e os demais vieram ao mundo nos dias seguintes, encerrando a sequência em 6 de março.
Segundo Lauren Augustine, diretora de herpetologia do zoológico, os quatro filhotes estão em excelente estado de saúde. “Eles têm o tamanho de uma bola de tênis e são bastante temperamentais, na verdade”, afirmou. A expectativa é que sejam apresentados ao público no dia 23 deste mês.
Essa foi a primeira eclosão bem-sucedida de tartarugas-das-galápagos no Zoológico da Filadélfia, fundado em 1874. Até então, apenas 44 indivíduos da mesma subespécie viviam em cativeiro nos Estados Unidos. A novidade representa um reforço importante para a conservação do grupo.

Embora vivam no mesmo espaço, os filhotes não devem permanecer próximos dos pais. O peso elevado dos adultos — cerca de 130 quilos no caso de Mommy e 186 quilos no de Abrazzo — representa um risco para os recém-nascidos, que poderiam ser esmagados acidentalmente.
Essa não é a primeira vez que Abrazzo se torna pai. Em 2011, ele participou de um acasalamento que resultou em cinco filhotes em um zoológico na Carolina do Sul. Transferido para a Filadélfia por recomendação da Associação de Zoológicos e Aquários, ele foi considerado um par genético ideal para Mommy.
O casal foi apresentado em 2022, e os primeiros ovos vieram no ano seguinte. As três primeiras tentativas foram mal-sucedidas. Já na quarta, os ovos passaram por avaliação e foram incubados artificialmente em diferentes temperaturas.
Algumas condições são conhecidas por favorecer o nascimento de fêmeas; outras, de machos. Até agora, as quatro filhotes nascidas são todas do sexo feminino. Outros três ovos continuam em incubação.
A permanência dos filhotes em cativeiro está prevista por, no mínimo, cinco anos. Após esse período, o zoológico definirá, em conjunto com a Associação de Zoológicos e Aquários, o destino de cada um. Eles poderão integrar programas de reprodução em outros zoológicos ou, eventualmente, retornar ao ambiente natural das Ilhas Galápagos.

Essa última possibilidade, no entanto, traz desafios. Segundo Rachel Metz, vice-presidente de bem-estar animal do zoológico, a vida na natureza envolve riscos como desastres naturais, doenças, mudanças climáticas e espécies invasoras.
A população das tartarugas-das-galápagos já foi estimada em centenas de milhares, mas sofreu um declínio severo devido à caça por humanos. Nas últimas cinco décadas, programas de conservação permitiram uma recuperação, e hoje há cerca de 17 mil exemplares da espécie.
De acordo com Stephen Blake, professor assistente de biologia na Universidade de St. Louis, a subespécie de Mommy e Abrazzo conta hoje com milhares de indivíduos, e a tendência populacional parece ser de crescimento estável.