Tarifas de Trump derrubam mercados e elevam risco de recessão global

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  • Post publicado:7 de abril de 2025

As recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a imposição de tarifas a governos estrangeiros provocaram forte instabilidade nos mercados financeiros internacionais nesta segunda-feira (6). Em meio à escalada de tensões comerciais, o republicano afirmou que países interessados em evitar as taxas deverão pagar “muito dinheiro anualmente”, classificando as medidas como um “remédio necessário”.

Com os impactos imediatos, os mercados asiáticos enfrentaram perdas acentuadas, as bolsas europeias recuaram ao menor nível em 16 meses e o petróleo registrou queda significativa. Investidores reagem com temor ao risco de desaceleração da demanda, aumento de preços e possível recessão econômica global.

Na China, após o tombo nas bolsas de Hong Kong e do continente, o fundo soberano nacional foi acionado para tentar conter a crise. Enquanto isso, ministros da União Europeia se reuniram em Bruxelas para definir uma estratégia conjunta diante das sanções impostas por Washington, embora existam divergências internas sobre como agir sem ampliar os prejuízos para seus próprios setores produtivos.

Incertezas pressionam economias e ampliam previsões pessimistas

O banco Goldman Sachs elevou as chances de recessão nos Estados Unidos para 45% nos próximos 12 meses. Já os economistas do JPMorgan revisaram sua previsão anterior, projetando agora uma contração de 0,3% no Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano, ante a expectativa anterior de crescimento de 1,3%.

Mesmo diante da volatilidade nos mercados e da perda de trilhões de dólares em valor acionário, Trump afirmou a jornalistas no Air Force One, no domingo (5), que não se mostra preocupado.
“Não quero que nada caia. Mas, às vezes, é preciso tomar remédio para restaurar alguma coisa”, declarou após retornar de viagem à Flórida.

Segundo o presidente, líderes da Europa e da Ásia chegaram a propor redução das tarifas em até 50%, mas ele reforçou sua condição para negociar:
“Eles querem conversar, mas não há conversa a menos que nos paguem muito dinheiro anualmente.”

Reações internacionais e danos em setores estratégicos

As tarifas provocaram reações imediatas de retaliação da China, além de duras críticas de autoridades internacionais. A bolsa de Taiwan despencou quase 10% — maior queda percentual já registrada em um único dia. Nos EUA, os futuros apontavam para um novo dia de perdas, enquanto na Europa, as ações do setor de defesa enfrentaram o pior desempenho diário desde abril de 2020.

O bilionário Bill Ackman, conhecido apoiador de Trump, pediu a suspensão das medidas para evitar um “inverno nuclear econômico”, alertando:
“O presidente está perdendo a confiança dos líderes empresariais em todo o mundo.”

Já o ministro das Relações Exteriores e do Comércio da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, criticou duramente a medida:
“A imposição de tarifas pelos Estados Unidos sobre produtos e serviços europeus é um ataque ao livre comércio que garantiu as riquezas em todo o mundo. Do lado europeu, não podemos simplesmente nos acomodar.”

Negociações emergenciais e apostas em corte de juros

Mesmo com as turbulências, membros do governo americano tentaram suavizar o cenário nos programas televisivos dominicais. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que mais de 50 países já iniciaram tratativas com Washington após o anúncio feito em 2 de março. Já o secretário de Comércio, Howard Lutnick, declarou que as tarifas permanecerão em vigor “por dias e semanas”.

Enquanto o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, tenta articular uma solução com os EUA, o índice japonês Nikkei atingiu a menor pontuação em 18 meses, liderado pelas perdas no setor bancário, que perdeu quase 25% de seu valor de mercado em apenas três sessões.

Até mesmo o ouro, tradicionalmente procurado como refúgio em momentos de incerteza, foi vendido em larga escala para cobrir prejuízos em outros ativos.

Com o agravamento do cenário, cresce entre investidores a expectativa de que o Federal Reserve (Fed) reduza a taxa básica de juros já no próximo mês. No entanto, até o momento, o presidente da entidade, Jerome Powell, não sinalizou pressa para agir.

Sinais de diálogo ganham força

Alguns governos começaram a dar sinais de disposição para negociar. O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, propôs tarifas zero como ponto de partida, comprometendo-se a eliminar barreiras comerciais e ampliar investimentos no território americano.

Na Ásia, o líder vietnamita To Lam afirmou ter tido uma conversa “muito produtiva” com Trump na última sexta-feira. Já a Índia indicou que não deve retaliar a tarifa de 26% e que mantém diálogo aberto com autoridades norte-americanas.