A seca extrema registrada em Mato Grosso do Sul durante 2024 trouxe impactos alarmantes para o meio ambiente. Dados do MapBiomas, divulgados nesta sexta-feira (21), indicam que o estado perdeu 33% de sua superfície de água, agravando ainda mais a escassez hídrica e os recordes de queimadas.
A situação é particularmente crítica no Pantanal, ecossistema que depende de áreas alagadas para manter seu equilíbrio. Corumbá desponta como a cidade brasileira mais afetada, com uma redução de 260 mil hectares de superfície de água, o que corresponde a 95% da perda total registrada em Mato Grosso do Sul.

Corumbá lidera perda de áreas alagadas no Brasil
O relatório também revela que Corumbá teve uma queda de 54% na superfície de água em relação à média da série histórica, registrando dois anos consecutivos de retração das áreas alagadas. A escassez hídrica não afeta somente o ecossistema, mas também compromete a biodiversidade e a qualidade de vida da população local.
Pantanal registra menor volume de água da história
O Pantanal chegou ao menor nível de água já registrado, totalizando 366 mil hectares em 2024, o equivalente a apenas 2% da superfície do bioma. Segundo o MapBiomas, a região teve uma queda de 61% em relação à sua média histórica, mantendo números abaixo do esperado durante todo o ano.

Desde a última cheia, em 2018, o bioma sofre com secas prolongadas, favorecendo a incidência e a propagação de incêndios.
“Desde então, a intensidade das estiagens tem se agravado, e em 2024 observamos um cenário ainda mais preocupante”, destacou Eduardo Rosa, pesquisador do MapBiomas Água.
Mudanças climáticas e gestão hídrica
O coordenador técnico do MapBiomas Água, Juliano Schirmbeck, explica que a perda hídrica está diretamente ligada às mudanças climáticas e ao uso do solo.
“A dinâmica de ocupação no Brasil, somada à ocorrência de eventos climáticos extremos, torna o país mais seco”, afirmou. “Os dados reforçam a necessidade de políticas de gestão hídrica e medidas eficazes para reverter esse cenário”, completou.