Concessão da hidrovia do Rio Paraguai gera alerta sobre impactos ambientais e futuro do Pantanal

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  • Post publicado:19 de janeiro de 2025
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O Pantanal viveu um ano atípico em 2024, marcado por eventos críticos como escassez hídrica inédita, recordes de incêndios, e o menor nível do Rio Paraguai em 124 anos. Nesse contexto, o Governo Federal lançou a concessão da hidrovia do Rio Paraguai, iniciativa que dividiu opiniões entre defensores do meio ambiente e setores econômicos.

Impactos da dragagem no Rio Paraguai

A concessão, que prevê investimentos de R$ 63,7 milhões nos primeiros cinco anos, inclui dragagens e derrocagens para garantir a navegabilidade ao longo de 590 km do rio. Reportagem publicada pelo site Midiamax, mostra que ambientalistas alertam para os riscos dessas intervenções no cenário atual de mudanças climáticas. Estudos apontam que a dragagem pode acelerar a vazão da água, reduzir o período de inundação e comprometer a biodiversidade.

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Sandro Menezes, doutor em Biologia Vegetal, destacou que essas mudanças podem transformar o Pantanal em um Cerrado seco e suscetível a incêndios. Ele afirma que, “em um contexto de eventos climáticos extremos, a dragagem intensifica a seca e afeta toda a biosfera”.

Em carta aberta à União, um grupo de 40 cientistas especializados no bioma descreveu como “temerária” a execução de dragagens durante a atual crise hídrica. A carta alertou para a desconexão entre o rio e suas planícies de inundação, com consequências graves para habitats críticos e a biodiversidade.

O possível fim do Pantanal

A principal característica do Pantanal é sua condição de planície alagável, com um regime sazonal de cheias e secas. No entanto, a seca severa de 2024 trouxe um cenário alarmante: lagoas secas, ausência de navegação e recordes de queimadas. Ambientalistas apontam que, sem as áreas alagadas, o Pantanal perderá sua identidade, transformando-se em um bioma mais seco, semelhante ao Cerrado.

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Em 2024 Rio Paraguai atingiu menor nível dos últimos 124 anos

Carlos Nobre, renomado cientista, chamou atenção para o risco de colapso do Pantanal, um alerta reforçado por Ângelo Rabelo, presidente do Instituto do Homem Pantaneiro. Rabelo destacou que ações para reverter o processo são possíveis, mas terão impacto apenas a médio e longo prazo.

Concessão e desafios ambientais

A concessão do Rio Paraguai representa um marco inédito no Brasil. Prevista para durar 15 anos, prorrogáveis, a medida exige investimentos em infraestrutura, compensação ambiental e preservação de patrimônios naturais e culturais.

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Concessão da hidrovia do Rio Paraguai deve durar 15 anos

A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) indicou que, dos R$ 63 milhões projetados para investimentos iniciais, cerca de metade será destinada às dragagens. Além disso, a empresa responsável pela concessão da hidrovia do Rio Paraguai deverá lidar com comunidades ribeirinhas, terras indígenas e áreas de preservação, garantindo estudos e autorizações ambientais detalhados.

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