Calor extremo no Pantanal causa mudanças na pelagem das capivaras

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  • Post publicado:5 de janeiro de 2025
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A intensa seca e o calor registrados em 2024 trouxeram mudanças inesperadas para a fauna no Pantanal do Mato Grosso. Reportagem publicada neste domingo pelo O Globo, mostra as capivaras, conhecidas pela pelagem castanha ou ruiva, surgiram com tons amarelo-claro e dourado, resultado de uma exposição prolongada ao sol, conforme explicam especialistas.

Segundo Juliano Bogoni, ecólogo e professor da Unemat, a alteração na cor das capivaras reflete os efeitos do clima extremo sobre os animais. Cuiabá enfrentou 160 dias consecutivos sem chuva, com temperaturas frequentemente acima de 40°C, atingindo 44,1°C em outubro. Durante esse período, o Pantanal também sofreu com incêndios e a escassez de água.

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capivaras com pelagem douradas devido ao calor extremo
Partes do pelo da capivara mais expostos ao sol ficaram mais claros — Foto: Ana Lucia Azevedo

A exposição ao sol intenso degradou a melanina presente na pelagem das capivaras, pigmento que protege contra a radiação ultravioleta. Como resultado, os pelos ficaram mais claros e ressecados, tornando os animais mais vulneráveis a desconfortos e predadores, como as onças.

“A seca e o calor não afetam apenas a aparência, mas causam perdas metabólicas e forçam adaptações comportamentais, como maior atividade noturna”, explica Bogoni.

Chuvas tardias e desafios para o Pantanal

As chuvas retornaram consistentemente apenas no final de 2024, trazendo um alívio parcial para a região. No entanto, áreas do Pantanal ainda enfrentam dificuldades para se inundar devido à seca prolongada. Segundo Ibraim Fantin, da UFMT, mesmo que as precipitações voltem à média, a recuperação do ecossistema será lenta.

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Capivara loura e outra normal no Pantanal, de Poconé, em Mato Grosso — Foto: Ana Lucia Azevedo

A mudança de cor nas capivaras não é permanente. Com a redução da exposição solar e o aumento das chuvas, elas podem retomar sua tonalidade original. Contudo, a alteração do clima continua a ameaçar os habitats e a sobrevivência de diversas espécies no Pantanal.

Perspectivas para o ecossistema

A continuidade das chuvas nos próximos meses é crucial para a fauna e a flora pantaneira. A cheia anual, essencial para a manutenção do ecossistema, depende de um equilíbrio hídrico ainda distante. Sem esse ciclo, a biodiversidade do Pantanal segue sob risco, impactando espécies já adaptadas à abundância de água.

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