Rio Paraguai só deve recuperar nível normal em 2026, indicam projeções

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Vivendo a pior seca dos últimos 124 anos, a Bacia do Rio Paraguai deve voltar ao normal a partir de 2026, isso se as chuvas ocorrerem como o desejado em Mato Grosso do Sul. É o que acredita o secretário da Semadesc (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck.

“Nós iniciamos o processo de chuva, mas já sabemos pelas nossas projeções, mesmo continuando essa chuva, nós não retornamos ao nível do rio que seria a média. Nós vamos demorar dois, três anos, se nós tivermos chuvas normais, para que, principalmente, a Bacia do Paraguai retorne ao nível desejado. Isso para navegação, para pesca, para toda essa estrutura, essa é uma situação que a gente vai continuar monitorando”, destacou Verruck durante coletiva sobre a Operação Piracema, nesta terça-feira (5).

O boletim diário do Imasul (Instituto Estadual de Meio Ambiente) mostra que, hoje, o nível do Rio Paraguai, na estação de Ladário, está marcando – 32 centímetros; em Porto Esperança, – 108 centímetros; e em Porto Murtinho, 77 centímetros.

Já o Boletim dos Rios referente a todo o mês de outubro, a máxima atingida em Ladário foi de – 41 centímetros; a mínima de – 71 centímetros; e a média chegou a – 60 centímetros. A faixa de normalidade é entre 350 cm e 500 cm.

“O Rio Paraguai, monitorado pela estação de Ladário, atingiu o nível mais baixo desde o início da série histórica de medições da estação, que começou em 1900”, diz o boletim.

Em Porto Esperança atingiu – 121 centímetros na máxima; – 148 cm na mínima; e – 136 na média. A faixa de normalidade chegou entre 400 cm e 550 cm.

Em Porto Murtinho, o nível máximo em outubro foi de 63 centímetros; mínimo 52 cm; e a média ficou em 60 centímetros. A faixa de normalidade é entre 600 e 750 centímetros.

Deficit de chuva

Complementando a informação do secretário, o meteorologista do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul, Vinicius Sperling, destacou que o deficit de chuva é alto e, por isso, não recupera de forma rápida.

“Em setembro as chuvas foram abaixo da média, outubro também foi abaixo, então, o deficit continua. A grande parte dos municípios tiveram chuvas abaixo, não é alguma chuva que vai reverter esse cenário”, pontuou.

A previsão climática do Cemtec mostra que, no último trimestre do ano, as chuvas devem ficar dentro ou próximo da média histórica para o período. Em grande parte do Estado, as chuvas variam entre 500 a 700 mm. Na região extremo nordeste, as chuvas variam entre 700 a 800 mm.

“Vinha de um ano mais ou menos mostrando chuvas abaixo, isso vinha se confirmando, e agora a projeção de clima mostra essa mudança de cenário que talvez a gente tenha chuvas mais próximas do normal”, disse.

De janeiro a agosto deste ano, o município que teve o maior deficit de chuva foi Ponta Porã, com -580,3 mm. Em seguida, Campo Grande (- 462 mm); Jardim (- 418 mm); Amambai (- 416,8 mm).

Seca

Não é de hoje que o cenário de seca nos rios persiste em Mato Grosso do Sul, devido ao baixo nível das chuvas. Além disso, o Estado também passa por problemas de tempo seco, que é a baixa umidade do ar, e favorece as queimadas.

Em maio deste ano, devido à situação preocupante, a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) declarou escassez hídrica em Mato Grosso do Sul.

Conforme o Monitor do Fogo, divulgado pelo MapBiomas em outubro, 92% das áreas queimadas no Pantanal em setembro eram de vegetação nativa, mostrando a intensidade da devastação em um dos ecossistemas mais frágeis do mundo. A seca severa e a intensificação das mudanças climáticas contribuíram para o avanço descontrolado das chamas, que ameaçam a rica biodiversidade e os recursos naturais da região.