A família de Daniel Gomes da Silva, 65 anos, está contestando a acusação de homicídio que levou à prisão do pedreiro sul-mato-grossense. O idoso foi alvo de mandado em fevereiro deste ano por conta do assassinato de Erisson da Silva Martins, o “Pé no Chão”. O crime aconteceu no dia 21 de outubro de 2009, em Banabuiu, Ceará.
O Campo Grande News foi procurado pela filha de Daniel nesta quarta-feira (28), após dois pedidos de habeas corpus serem negados pela Justiça. À reportagem, ela contou que o pai foi alvo de mandado de prisão quando retornava do trabalho no dia 14 de fevereiro e, em seguida, já foi levado para o presídio de Corumbá, cidade a 428 quilômetros de Campo Grande.
“Meu pai estava chegando para o almoço. Ele estava fazendo um serviço aqui no bairro, perto de casa. Os policiais o esperaram e prenderam. Ficou sete dias na Polícia Federal e depois foi para o presídio onde está até hoje e corre risco de ser transferido para o Ceará”, disse Daniela Castro da Silva, 39 anos.
De acordo com o relato da operadora de cadastro, o pai nunca esteve no Ceará e nem é artista de circo, como cita o processo. Daniel, segundo a filha, sempre trabalhou como pedreiro e jamais saiu de Corumbá e eles temem pela vida do idoso que está dormindo em um colchão no chão.
“Ele está adoecendo naquele lugar. Precisamos passar por revista, comprar as coisas para levar para ele e ele era quem sustentava a casa. Minha mãe trabalhava como diarista, mas precisou parar por conta da saúde. Estamos com muito medo de acontecer algo com ele. Tentamos dois habeas corpus e ambos foram negados porque o juiz alega que ele é perigoso e estava foragido”, detalha Daniela.
No relato, ela conta que a prisão do pai foi surpresa para todos, já que em nenhum momento foram intimados ou ficaram sabendo de qualquer acusação contra o pedreiro e agora a família luta para conseguir soltar e provar que Daniel não é o autor desse homicídio, que aconteceu após discussão por ciúmes em um açude na cidade.
A operadora de cadastro ainda cita várias inconsistências no processo onde o pai aparece como autor da execução. No documento diz que o homem era artista de circo, coisa que Daniel nunca foi, e ainda detalha que o homem tem oito filhos. No entanto, Daniela afirma que o pedreiro tem seis filhos e nenhum deles aparece no inquérito policial.
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Conforme a filha do acusado, na época do crime, Daniel prestava serviço para algumas pessoas em Corumbá e as provas que a família têm são as declarações e recibos de um trabalho que ele fez para uma igreja na cidade.
“Como ele é autônomo, temos declarações e fotos dele trabalhando aqui. Não queremos mais pedir liberdade, queremos provar que não foi ele. Queremos que comparem as imagens que eles dizem ter com as imagens do meu pai”, afirma a mulher.
Daniel foi apontado como autor do crime por testemunhas, no entanto, no processo ficou detalhado que há fotos e vídeos de apresentações circenses do homem com a família e que ele tem deficiência em uma das pernas. Além disso, uma ficha médica foi encontrada no hospital da cidade em nome do pedreiro sul-mato-grossense no dia 4 de julho de 2007, quatro meses antes do crime.
O documento ainda relata que o homem estava foragido desde o dia em que matou a vítima com tiro na cabeça. Ele estava com a prisão preventiva decretada desde 2009 e o mandado foi cumprido apenas em fevereiro deste ano.
Homicídio
Erisson foi executado com um tiro na cabeça. De acordo com a denúncia do MPCE (Ministério Público do Ceará), o crime aconteceu por volta das 16h daquele dia perto do açude da empresa Libra, em Banabuiú, cidade cearense distante aproximadamente 3.500 km de Corumbá.
O autor estava no local junto com um filho de nome Fabrício e um genro de nome Fábio, nomes desconhecidos pela família de Daniel.