De moda fitness a uniformes: detentos atuam na indústria de confecção dentro de presídio em MS

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  • Post publicado:28 de agosto de 2024
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Duas oficinas de costura em escala industrial foram instaladas dentro do Estabelecimento Penal Masculino de Regime Fechado de Nova Andradina para ocupação da mão de obra carcerária. O trabalho faz parte de um convênio entre a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) e empresas da região que enxergaram no sistema prisional uma oportunidade de expandir seus negócios, ao mesmo tempo, em que contribuem para a ressocialização, impactando diretamente em benefícios para toda a sociedade.

Focada na produção de uniformes profissionais para todo o país, a empresa Via Uniformes LTDA descobriu a possibilidade e as vantagens de ocupar o trabalho dos internos durante o Encontro Regional de Incentivo à Contratação da Mão de Obra Carcerária, promovido pela Agepen, em Nova Andradina, em fevereiro deste ano.

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Reeducandos atuam na confecção de uniformes profissionais.

Segundo a representante da empresa, Camila da Silva Felipe, os trabalhos iniciaram no local há dois meses e foi uma opção para não ter mais que terceirizar parte da produção e atender à demanda de encomendas, que aumentou muito. No momento, 12 internos atuam na confecção, com média diária de produção de 144 uniformes completos.

A Via Uniformes também está implantando uma oficina de costura também no Estabelecimento Penal de Bataguassu, com a previsão de ocupação de 20 internos. “Nós precisamos de serviço de qualidade e nessa parceria com a Agepen nós encontramos, além de ser um projeto de inclusão para causar um impacto social positivo”, comentou Camila.

No ramo de confecção de moda fitness, a empresa D’LaRouse, com marca própria sendo comercializada em plataformas digitais, iniciou em maio uma linha de produção no Estabelecimento Penal de Nova Andradina. A proprietária Daniele Rouse de Oliveira afirma que a implantação da oficina no presídio foi uma oportunidade de expandir os negócios. “Está desenvolvendo a nossa produção de forma inacreditável, pois a qualidade do trabalho deles é muito boa”, agradeceu.

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A costura pode servir de profissão quando conquistarem a liberdade.

O sócio da empresa Edson Pereira da Silva explicou que possuem duas linhas de produção fora da unidade prisional, com 19 funcionários ao todo e uma média mensal de 4 mil peças. Agora, com a mão de obra dos internos já conseguiram quase dobrar a produção no mês de julho e a meta é triplicar. “Em, julho, só aqui no presídio, foram produzidas 3.335 peças e nosso objetivo é alcançar 10 mil”, informou.

Hoje, 10 reeducandos atuam na oficina com possibilidade de chegar a 30. Pelo serviço, recebem ¾ do salário mínimo, além de remição de um dia na pena a cada três trabalhados. Rodrigo dos Santos Araújo é um dos internos que atuam na confecção de shorts, camisetas entre outros itens de moda fitness e garante que poderá servir de profissão quando conquistar a liberdade.

Inauguração Oficial

Representantes da Agepen e autoridades estiveram no presídio, na última semana, conhecendo as instalações e realizando a inauguração oficial das duas oficinas de confecção. Na oportunidade, destacaram como empresas podem contribuir para uma sociedade menos violenta, já que a partir do momento que vidas de pessoas em cumprimento de prisão são transformadas, por meio da ocupação produtiva, o impacto na redução da criminalidade é evidente.

Segundo o diretor do Estabelecimento Penal de Nova Andradina, policial penal Rogério Capote, a intenção é envolver a sociedade no processo de reinserção social, sendo o trabalho uma importante ferramenta para isso. “Queremos demonstrar que essas pessoas, que no futuro estarão de novo no convívio social, podem ter uma vida diferente, trabalhar, e essas oficinas aqui são uma forma de demonstrar isso”, ressaltou.

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Autoridades estiverem presentes na unidade penal para conhecer de perto as oficinas de costura.

Representando a direção da Agepen no evento, a diretora de Assistência Penitenciária, Maria de Lourdes Delgado Alves, ressaltou que o tratamento penal faz parte do trabalho da instituição, desde a pessoa que está em situação de prisão ao egresso. A dirigente citou exemplos de internos que aprenderam o ofício da costura dentro dos presídios e que chegaram a se tornar empresários no ramo quando em liberdade, inclusive empregando outros ex-detentos.

Também participaram do evento o juiz de Direito da Vara de Execução Penal do Interior, Luiz Felipe Medeiros Vieira; o presidente do Conselho da Comunidade de Nova Andradina, Douglas Paschoaletto;  o presidente do Conselho de Segurança, Maurício Nunes da Silva; o comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Paulo Renato; além de representantes da OAB, de cooperativas locais, chefias de Divisão da Agepen e diretores de unidades prisionais de Bataguassu e Ivinhema.

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