O Governo Federal aumentou em quase três vezes o efetivo da Força Nacional de Segurança Pública presente em áreas de conflito entre indígenas e produtores rurais no município de Douradina. Nas últimas três semanas, pelo menos 14 pessoas (12 indígenas e dois apoiadores de sitiantes) ficaram feridas em confronto pela posse da terra.
Após visitar as áreas ontem e se reunir com o governador Eduardo Riedel em Campo Grande, a ministra dos Povos Indígenas Sonia Guajajara anunciou que haveria reforço imediato no número de agentes e de viaturas nas sete “retomadas” dos guarani-kaiowá em Douradina.
Na Capital, antes de retornar para Brasília, a ministra se reuniu com o major Luis Humberto Caparroz, coordenador geral de Operações da Força Nacional de Segurança Pública.
“Passamos o dia conversando com lideranças e vimos que é necessária essa presença da Força Nacional para garantir a segurança e a integridade física dos povos indígenas que se encontram nessa área de retomada. Não estamos compactuando com violência, estamos aqui com objetivo de pacificar, com diálogo e com essa presença do Estado brasileiro na região”, disse a ministra.
A partir de hoje, o efetivo de agentes em Douradina passa de 18 para 65 e o de viaturas salta de 8 para 24. Nesta manhã, o comando da Força Nacional mantém reunião no auditório da Polícia Federal em Dourados para definir estratégias de ampliação do policiamento nos locais de conflito. Caparroz participa do ato.
Outra novidade é a mudança no comando da operação. A função, que estava com o capitão Camilo, passa para o major Antonio. No fim de semana, a Força Nacional foi acusada por movimentos indígenas de permitir ataques de produtores rurais aos indígenas.
Lideranças afirmaram que antes do confronto de sábado (3), que deixou ao menos dez indígenas feridos, a Força Nacional teria deixado o local. O comando local negou a denúncia e afirmou que no momento as viaturas tinham se deslocado até outro ponto de retomada.
Os produtores também acusaram a Força Nacional de disparar balas de borracha contra apoiadores dos proprietários que estão no acampamento montado por eles perto de uma das ocupações. Dois homens ficaram feridos.
Nesta terça-feira, teve alta o único indígena ferido nos ataques que permanecia internado. O rapaz de 20 anos levou tiro de “munição não letal” na cabeça, ficou em estado grave na ala vermelha e no domingo foi transferido para a ala amarela.
Ontem, teve alta médica e voltou para área de retomada. A reportagem apurou que material metálico, provavelmente estilhaço de munição, ficou alojado no crânio do rapaz. Todos os feridos passaram por exames de corpo de delito. Pelo menos três teriam sido alvejados com munição letal.