Em resposta à pior seca em 70 anos no Pantanal, o governo federal anunciou, nesta segunda-feira (1º/7), a criação de duas novas bases estratégicas para agilizar as operações de combate aos incêndios no bioma. A decisão foi divulgada durante uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto, após a terceira reunião da sala de situação para prevenção e controle de incêndios e secas no Brasil.
As novas bases, localizadas no quilômetro 100 da Rodovia Transpantaneira (MT-060) e na cidade de Corumbá, têm como objetivo melhorar a organização logística das operações. Corumbá, por exemplo, foi responsável por 66,5% dos focos de incêndio registrados no bioma de janeiro a junho deste ano, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A situação crítica é agravada pela mudança climática e pela influência de um dos El Niños mais intensos da história.
Atualmente, cerca de 500 funcionários do governo federal estão mobilizados no combate aos incêndios, apoiados por nove aeronaves, incluindo quatro aviões lançadores de água do Ibama e ICMBio, e um KC-390 da Força Aérea Brasileira (FAB), capaz de transportar 12 mil litros de água. Outras aeronaves também estão em mobilização para auxiliar nos esforços.
A ministra Marina Silva ressaltou a importância do planejamento na implementação das operações de combate aos incêndios no Pantanal.
“Pela primeira vez, o Pantanal tem um plano de enfrentamento aos incêndios, e é esse plano que está sendo executado”, afirmou a ministra.
No final do ano passado, o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, sancionou uma lei estadual, elaborada em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ibama e ICMBio, para reforçar a prevenção e controle dos incêndios.
Em março, o governo federal fortaleceu a colaboração com os Corpos de Bombeiros estaduais, resultando na assinatura de um pacto pela prevenção e controle de incêndios no Pantanal e na Amazônia em junho.
O uso de fogo no Pantanal está proibido até o fim do ano, e as penalidades para quem descumprir a lei incluem multas, apreensão de bens e prisão. De acordo com uma nota técnica do Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais (Lasa) da UFRJ, todos os focos de calor no bioma nos meses de maio e junho foram causados por ação humana, sem registros de incêndios provocados por raios no período.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) está coordenando investigações para identificar e punir os responsáveis pelos incêndios criminosos. Dezoito frentes de incêndio estão sob investigação, a maioria em propriedades privadas.
“A Polícia Federal está fazendo a investigação e sabemos de onde saiu a propagação, trabalhamos com tecnologia”, afirmou Marina Silva.
Além disso, o Ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, destacou que 12 municípios do Mato Grosso do Sul tiveram a situação de emergência reconhecida pelo governo federal devido aos incêndios.
“Estamos auxiliando esses municípios nos seus planos de trabalho, que podem incluir a necessidade de água, alimentação e combustível”, declarou o ministro.
A ação federal é coordenada por uma sala de situação, instalada pelo presidente em exercício Geraldo Alckmin em 14 de junho, com a coordenação executiva da Casa Civil, MMA, MIDR, MJSP e MD. A sala divulga boletins semanais sobre os combates aos incêndios florestais no Pantanal.
Na última sexta-feira, as ministras Marina Silva e Simone Tebet (MPO), juntamente com o governador Eduardo Riedel, visitaram Corumbá para acompanhar as ações integradas de prevenção e combate aos incêndios florestais. Em julho, será lançado um Plano Operativo Integrado para consolidar as estratégias de combate aos incêndios nos biomas afetados.