Fenômeno La Niña deve agravar seca no Pantanal no 2º semestre

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  • Post publicado:3 de junho de 2024
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Os centros meteorológicos mundiais indicam que haverá uma rápida transição do fenômeno El Niño para o La Niña entre julho e setembro deste ano, interferindo diretamente na seca no Pantanal. Ainda que não seja possível ter certezas sobre a evolução, a intensidade ou o padrão de abrangência das anomalias de temperatura da superfície do mar do evento, pode-se afirmar que o fenômeno interfere no padrão de chuvas e de temperaturas em várias partes do planeta.

O Centro Nacional de Monitoramento e Desastres Naturais (Cemaden) emitiu nota técnica sobre o assunto relacionando com os possíveis impactos que podem ocorrer. O material tem a ressalva de que ainda não se pode afirmar quais serão os efetivos impactos e as regiões que poderão ser afetadas por falta ou excesso de chuvas.

“Continuaremos monitorando e avaliando periodicamente a partir dos dados passados, presentes e previsões futuras”, afirma a diretora substituta do Cemaden, Regina Alvalá.

Os cenários construídos pelo Cemaden consideraram os impactos ocorridos em decorrência do fenômeno. O La Niña ocorreu em 2016, 2010, 2007, 1998 e 1995, sendo que o episódio mais recente perdurou de julho de 2020 a fevereiro de 2023.

O La Niña consiste no resfriamento das camadas mais superficiais, até aproximadamente cem metros de profundidade, do oceano Pacífico Tropical, na região equatorial próxima ao Peru e Equador. O fenômeno pode ter mais de um ano de duração e ocorrer em intervalos de tempo que variam de dois a sete anos. Ele faz parte de um ciclo natural mais amplo, conhecido como El Niño Oscilação Sul, e que inclui estados de aquecimento (El Niño), condições neutras e de resfriamento (La Niña).

De acordo com o pesquisador do Cemaden, José Marengo, ainda não se sabe se a mudança do clima pode estar influenciando os fenômenos El Niño e La Niña. Segundo ele, essa é uma das incertezas globais, inclusive no âmbito do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC). “Não temos certeza se o aquecimento global pode afetar o La Niña e o El Niño para que seja mais forte ou mais fraco. Não temos resposta sobre isso”, afirma Marengo.

Seca no Pantanal 

O La Niña costuma ter impacto negativo, especialmente nas chuvas na parte Sul do Pantanal, que está no Mato Grosso do Sul. Neste mês, a região está encerrando a estação chuvosa em situação de seca.

“Nossa maior preocupação em relação ao La Niña está no Pantanal porque agora em março, no final da estação chuvosa, já temos uma situação de seca estabelecida”, afirma Seluchi.

Segundo o coordenador, considerando os parâmetros de chuva e nível do rio, a situação do rio Paraguai está degradada, com o nível muito baixo em praticamente todo o curso no Pantanal. A situação é classificada como seca extrema, a qual é o nível máximo da escala.

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Seca no Pantanal: Em 2021, Rio Paraguai chegou perto de bater a pior marca da sua história

De acordo com dados do Serviço Geológico do Brasil, o rio Paraguai está muito abaixo do nível considerado normal para a época. Todas as nove estações da bacia estão registrando níveis negativos para a época do ano.

Na estação de Porto Murtinho (MS), a medição de quinta-feira (14/03) indicou dois metros abaixo da média, muito próximo das mínimas históricas. O local está com 2,01m, mas o esperado para março era de 4,06 m. Em Ladário (MS), estação com 124 anos de registros, está em 0,89 m, sendo que o nível esperado para o período era de 2,52m.

Com a previsão do fenômeno La Niña, não se espera uma condição de recuperação na próxima estação chuvosa em relação a seca no Pantanal.

“Espera-se uma situação de degradação da vegetação e risco alto de incêndios para o período final da estação seca”, afirma Seluchi. Diante das perspectivas, ele alerta para a necessidade de ações preparatórias para prevenção e estruturas de combate aos incêndios.

A nota técnica produzida pelo Cemaden pode ser consultada aqui.

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