Para alertar a população sobre a importância de discutir a mortalidade materna e promover políticas públicas de assistência e acolhimento que garantam o bem-estar materno, infantil e fetal, o dia 28 de maio foi instituído como o Dia Nacional da Redução da Mortalidade Materna.
Em alusão à data a SES (Secretaria de Estado de Saúde), por meio das superintendências de Atenção Primária à Saúde e Vigilância em Saúde, realiza nos dias 23 e 24 de maio o ‘II Simpósio Estadual de Prevenção do Óbito Materno, Fetal e Infantil – Construindo Estratégias de Enfrentamento’ no auditório da ESP (Escola de Saúde Pública) Dr. Jorge David Nasser, em Campo Grande.
Conforme o secretário de Estado de Saúde, Dr. Maurício Simões, o simpósio visa atualizar e promover práticas que possam contribuir para que todos os municípios de Mato Grosso do Sul implementem sua assistência primária. “É um desafio para a secretaria estadual de saúde e secretarias municipais de saúde fazer com que esses indicadores sejam cada vez menores. Hoje, MS é um dos estados do Brasil que apresenta melhores indicadores de crescimento econômico e financeiro, mas não pode haver desenvolvimento econômico e financeiro sem que isso reflita nos indicadores de mortalidade infantil e materna”.
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A mortalidade materna e infantil é um bom indicador da realidade socioeconômica de um país e da qualidade de vida de sua população porque grande parte das mortes são evitáveis, atingindo a população com baixo poder econômico, baixa escolaridade, que vivem em zona rural ou com difícil acesso ao serviço de saúde.
O evento é uma forma da saúde dialogar estratégias que de fato enfrentem o problema que é a mortalidade materna. Entre os temas abordados estão saúde sexual e reprodutiva, as maiores causas de óbitos dentro do Brasil como um todo como sepse, hemorragia, investigação do óbito materno, além da oferta de oficinas acerca da temática.
“A secretaria tem trabalhado de uma forma muito coordenada, o trabalho junto com a Vigilância em Saúde está fazendo diferença, o Comitê de Prevenção da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal é muito atuante, então nós estudamos a investigação dos óbitos maternos e infantis e esse estudo da investigação faz com que o comitê possa propor recomendações e essas recomendações repassamos a todos os municípios”, explica superintendente de Atenção Primária à Saúde da SES, Karine Costa.
O processo de investigação do óbito identifica as fragilidades e ajuda a caracterizar as maneiras de como evitá-lo.
“Em dezembro de 2022 formalizamos a parceria com a OPAS/OMS (Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde) e com esse termo de cooperação a secretaria investiu aproximadamente R$ 2 milhões em ações para a redução da mortalidade materna e infantil. Junto com a OPAS, trazemos estratégias muito interessantes, por exemplo, a estratégia zero morte materna por hemorragia que a Opas conduz a capacitação, a Opas tem nos ajudado com a capacitação de multiplicadores aqui no estado para apoiarem os municípios na redução da mortalidade, então tem uma série de ações que tem feito a diferença em Mato Grosso do Sul”, acrescentou Karine.
A cooperação técnica entre a SES e a OPAS/OMS foi firmada por meio do Termo de Ajuste “Fortalecimento da Atenção Integral à Saúde Materna e Infantil do Estado de Mato Grosso do Sul” dentro do Termo de Cooperação “Fortalecimento da Política Estadual de Vigilância em Saúde e das Redes de Atenção à Saúde no Estado do Mato Grosso do Sul”.
Mediante cooperação, a AAMI (Associação de Amparo à Maternidade e à Infância) foi eleita como prioridade à realidade estadual para a implementação da Estratégia Zero Morte Materna por Hemorragia – 0MMxH – que auxilia no fortalecimento dos serviços de saúde, eliminação das barreiras ao acesso, treinamento de pessoal para lidar com a hemorragia obstétrica e garantia de disponibilidade de medicamentos essenciais e sangue seguro para transfusões.
Com a implementação das estratégias, já é possível perceber mudanças nos indicadores. Para a coordenadora da Saúde da Mulher, Criança e Maternidade da SES, Andriely Gomes, o profissional da assistência tem mudado sua visão, para uma visão mais ampla com a inclusão de equipe multidisciplinar, o cuidado centrado na mulher e na família, tudo isso tem modificado o modelo de cuidado atual à pessoa gestante, aos recém-nascidos, às crianças, o que impacta diretamente na mortalidade.
“Nós conseguimos ver uma mudança no modelo de cuidado porque os óbitos, em sua maioria, são evitáveis e eles são evitáveis porque perpassam outras questões como o acesso à saúde, educação, saneamento básico e isso só se resolve quando mudamos o modelo de cuidado, um cuidado com base na pessoa usuária”, comenta.
E para fortalecer ainda mais a redução da taxa de mortalidade infantil e materna no Estado, a SES investe na formação de Multiplicadores em Saúde Materna. A estratégia é pioneira no Brasil e com potencial de impactar na redução de morbimortalidade materna. A qualificação multiprofissional em saúde materna no estado foi construída com o objetivo de preparar os participantes para atuarem de forma eficaz, como membros de uma equipe, na assistência à gravidez, parto e gerenciamento de emergências obstétricas, com base em evidências científicas, recomendações nacionais e da OMS.
“Reunimos um time de peso, são profissionais renomados na área, são presidentes de comissões especializadas, então é um time muito bom que conversará conosco, trocará ideias, debaterá, serão dois dias de uma troca muito intensa de evidências científicas”, garante Andriely.
Participam do ‘II Simpósio Estadual de Prevenção do Óbito Materno, Fetal e Infantil – Construindo Estratégias de Enfrentamento’ profissionais e gestores dos 79 municípios do estado, interessados na área, pesquisadores, acadêmicos, residentes.