Corumbá (MS)- O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) abriu investigação para apurar possíveis irregularidades no concurso público da Prefeitura de Corumbá, que teve mais de 13 mil inscritos e gerou polêmica após a divulgação da lista de candidatos.

A seleção, realizada no dia 21 de abril, chamou atenção pela presença de nomes de peso entre os inscritos, incluindo a primeira-dama do município, Amanda Balancieri Iunes, esposa do prefeito Marcelo Iunes.

A primeira-dama, que atua como titular da pasta de Assistência Social e Cidadania, se inscreveu para o cargo de analista na área de ciências econômicas. O irmão do prefeito também figura na lista de inscritos. As suspeitas de favorecimento se intensificaram com a renúncia de um assessor jurídico que participava da comissão organizadora do concurso e que também se candidatou para o cargo de auditor.

O promotor Rodrigo Correa Amaro, responsável pela investigação, solicitou à Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia (Fapec), responsável pela organização do concurso, informações atualizadas sobre possíveis irregularidades. A Fapec havia convidado o promotor para acompanhar o certame e a investigação iniciou dois dias após a aplicação das provas.

As provas do concurso foram aplicadas em 24 locais, incluindo três prédios da UFMS e escolas públicas em Corumbá e Ladário, cidade vizinha. As vagas ofertadas abrangiam diferentes áreas e níveis de escolaridade, desde nível médio até superior.

A comunidade local também denunciou à Fapec a inscrição de familiares de membros da comissão organizadora. Duas suplentes da comissão pediram desligamento após constatarem que seus maridos e irmãos estavam inscritos no concurso.

Outro ponto que chamou a atenção dos participantes foi a substituição de um assessor jurídico que integrava a comissão organizadora do concurso e que também se inscreveu para a prova. O assessor pediu desligamento da comissão e, posteriormente, comunicou que não participaria da seleção para o cargo de auditor, alegando evitar suspeitas.

A lista de inscritos, publicada no Diário Oficial, gerou grande repercussão na cidade, com a identificação de secretários, dirigentes de órgãos públicos e familiares de servidores municipais entre os candidatos. O Folha MS noticiou a presença de nomes conhecidos na lista, e alguns membros da comissão organizadora foram obrigados a apresentar declarações negando qualquer tipo de parentesco com os candidatos inscritos.

As investigações do MPMS buscarão esclarecer as suspeitas de favorecimento e identificar possíveis irregularidades no processo seletivo.