Corumbá (MS)- O Pantanal, um dos biomas mais ricos em biodiversidade do Brasil, enfrenta uma ameaça iminente neste ano de 2024. O Serviço Geológico do Brasil (SGB) alerta que este poderá ser um dos anos mais secos registrados na história da região. Com as chuvas abaixo do esperado para o período, o Rio Paraguai, vital para a ecologia local, atinge níveis preocupantes.
Dados monitorados pela Marinha Brasileira revelam que o Rio Paraguai, em Ladário, apresenta um nível de apenas 1,23 metros neste domingo (14). Essa marca, a 426 km da capital, indica uma situação alarmante para a região, considerando-se especialmente a média histórica para este período.
A média de chuvas tem se mantido abaixo do esperado desde o início do ano. Na estação de Porto Murtinho, por exemplo, o rio alcançou apenas 1,67 metros no dia 8 de fevereiro, muito aquém da cota mediana de 3,3 metros indicada pelo SGB.
Em contraste com dados do ano anterior, o panorama se revela ainda mais preocupante. Em Ladário, no início deste mês, o nível do rio registrado em 1º de abril foi de 98 centímetros. No mesmo dia do ano anterior, o monitoramento indicava 2,47 metros, destacando uma drástica diferença na hidrologia local.
O biólogo Sérgio Barreto, do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), explica que a diminuição das chuvas na região do planalto da Bacia do Alto Paraguai e no próprio Pantanal está diretamente associada ao baixo nível do Rio Paraguai. Ele salienta que o período chuvoso entre outubro e fevereiro registrou apenas 457 milímetros de chuva, abaixo da média de 740 milímetros.
Além da escassez de chuvas, Barreto destaca os desafios ambientais enfrentados pelos rios que abastecem o Pantanal. Problemas como desmatamento, erosão e assoreamento comprometem significativamente a qualidade dos recursos hídricos locais, intensificando a preocupação com a seca iminente.
Em meio a essas preocupações, o biólogo ressalta também o risco elevado de incêndios na região, principalmente na área da Serra da Bodoquena. As equipes de prevenção do IHP estão mobilizadas para mitigar esses riscos, mas a gravidade da situação exige uma resposta coordenada e eficaz.
Os prognósticos para os próximos meses não são animadores. O pesquisador em geociências do SGB, Marcus Suassuna, alerta que se o volume de chuvas continuar abaixo da média entre março e setembro, o Pantanal poderá enfrentar uma seca ainda mais severa do que a registrada em 2020.
Apesar das chuvas pontuais registradas nas últimas semanas, Barreto ressalta a incerteza quanto ao futuro. As mudanças climáticas têm alterado drasticamente o comportamento hídrico da região, dificultando fazer previsões precisas. O biólogo destaca a necessidade de cautela ao interpretar os padrões climáticos e ressalta que, embora a situação atual seja preocupante, ainda há esperança de que o ciclo hídrico possa se restabelecer.
*Com informações Campo Grande News