As inúmeras palavras que existem para destacar a importância da mulher na sociedade puxam na memória questionamentos e criam uma óbvia reflexão: por que a misoginia ainda prevalece nas relações sociais? Assim, é essencial que se discuta a quebra desses obstáculos que represam não só o avanço da equidade, mas muitas vezes também o progresso na totalidade.
Posto isso, mulheres das mais diversas classes sociais, profissões, idades e etnias se reuniram no sábado (27) em Campo Grande para debater os desafios e as ações para encarar a situação, além de conhecer as ações do Ministério das Mulheres em palestra da ministra Cida Gonçalves.
O evento, encabeçado pelo CEDM (Conselho Estadual dos Direitos da Mulher) de Mato Grosso do Sul, aconteceu no auditório da Escola Superior da Defensoria Pública, na Vila Miguel Couto. A mesa de debates foi presidida pela presidente do conselho, Ana Carolina Nardes.
“A pauta das mulheres tem que sempre estar atrelada a outras pautas, como a dos negros, das crianças, pois ela sozinha ressoa, mas não tanto quando falamos dela conjuntamente a outras pautas. Não temos como falar de mulheres sem olhar para as crianças, para mulheres negras. Temos que fazer essa junção”, comenta Nardes, que também é secretária estadual de Administração.
Ações do Ministério das Mulheres e da iniciativa Brasil Sem Misoginia foram apresentadas durante a palestra da ministra Cida Gonçalves, como as estratégias para ampliar a capilaridade dos programas voltados para as mulheres no Brasil. A criação de pastas específicas para as mulheres nos estados e municípios faz parte da estratégia trabalhada atualmente, por exemplo.
“Precisamos reagir para viver, e para viver precisamos cantar, dançar. Esse é o desafio do Brasil sem Misoginia”, destaca Cida Gonçalves após detalhar necessidades que estão no radar no ministério, como criar políticas para reduzir as horas de trabalho doméstico não remunerado, desigualdade salarial, formas de introduzir ainda mais tais debates na sociedade, entre outros.
Entre as autoridades presentes, além de Ana Nardes outras duas vinculadas ao Governo de Mato Grosso do Sul estiveram na mesa de debates, com direito durante o encontro. Uma delas foi a secretária de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, Patrícia Cozzolino.
“Em pleno 2024, nós, mulheres, ainda passamos por situações como ser interrompidas na fala, não termos oportunidades de qualificação, muitas vezes por falta de vagas em creches, e tantas outras coisas. Nem sempre temos as mesmas oportunidades, e nesse cenário de recortes, como os de gênero, acabam sendo fundamentais para o pleno avanço de nossa sociedade”, frisa Patrícia.
Recém empossada subsecretária estadual de Políticas Públicas para Mulheres, Manuela Nicodemos fez sua estreia em eventos públicos ocupando o novo cargo. A pasta que agora ela comanda está vinculada a SEC (Secretaria de Estado de Cidadania), também criada recentemente pelo Governo do Estado.
“A subsecretaria está à disposição para fortalecer a rede de atendimento, de enfrentamento à violência contra a mulher, ampliar os agentes que ocupam esse espaço a nível estadual e levar para todos os nossos municípios as políticas públicas”, destaca em sua fala.
Manuela completa ainda que tem uma perspectiva de transversalidade que aponta justamente para “dar conta da nossa diversidade étnica, racial, nacional, territorial, geracional, em todas aquelas diferenças que nos caracterizam, mas não devem significar desigualdades”.
Antes do final do evento foi aberto espaço para que várias representantes de instituições fizessem perguntas para a ministra Cida Gonçalves e também apresentassem seus trabalhos ou outras questões que avaliaram ser pertinente para ser tratado naquele momento.
Além de Ana Nardes, Manuela, Cozzolino e Cida Gonçalves, a mesa de debates teve a deputada federal Camila Jara, a promotora de Justiça e coordenadora do Nevid (Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar contra Mulher), Clarissa Torres, a defensora pública e coordenada do Núcleo de Defesa da Mulher, Zeliana Sabala, e a advogada e vice-presidente da Comcedvid-OAB (Comissão de Combate a Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher), Alice Ploger Zeni.