Maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul com 243,3 mil habitantes, Dourados, a 251 km de Campo Grande, será a primeira do Brasil a fazer vacinação em massa da população contra a dengue. A campanha começa no dia 3 de janeiro de 2024 para imunizar 150 mil moradores de 4 a 59 anos.
O município recebe 300 mil doses da vacina Qdenga, desenvolvida pela farmacêutica japonesa Takeda e aprovada em abril deste ano pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O imunizante já é vendido há oito meses em clínicas de imunização. Em Dourados, cada dose custa R$ 450 à vista.
Ao Campo Grande News, o secretário de Saúde de Dourados, Waldno Pereira Lucena Júnior, disse que as doses já começaram a chegar à cidade e a pasta prepara a campanha para iniciar a vacinação logo após as festas de fim de ano. Cada morador vai receber duas doses, com intervalo de 3 meses. A vacina garante proteção por cinco anos.
“Fizemos acordo com o laboratório Takeda, que vai fazer o fornecimento gratuito dessas 300 mil doses, que vai nos permitir imunizar 150 mil pessoas. A única limitação dessa vacina é a faixa etária, pois está aprovada para uso entre 4 e 59 anos”, afirmou o secretário.
Segundo ele, a meta é imunizar todo o público-alvo, formado por cerca de 150 mil habitantes (pessoas de 4 a 59 anos).
“Quem quiser tomar a vacina, a gente vai vacinar. Já começamos a receber as doses. Além das 300 mil vacinas, o laboratório enviará também 300 mil seringas e 300 mil agulhas. Os insumos começam a chegar a partir do dia 19. Montaremos a logística de distribuição para começar a vacinar no dia 3 de janeiro”.
Waldno explicou que as 33 unidades de saúde do município possuem sala de vacinação e estarão à disposição dos moradores para aplicar a vacina da dengue. “Também vamos reforçar a equipe de vacinação no PAM [Pronto Atendimento Médico] e montar equipe volante para imunizar trabalhadores das empresas do município”.
Waldno Lucena disse que a população não precisa ter medo da vacina, pois a Qdenga já está aprovada, liberada e sendo comercializada na rede privada desde abril deste ano, ou seja, não se trata de nenhum produto experimental.
“Essa vacina é feita com vírus atenuado, não é tecnologia moderna de produção de vacinas como foi no caso da covid-19. É a mesma tecnologia das vacinas que a gente tomou a vida inteira, a mais segura que existe”, afirmou.
O secretário lembrou da necessidade de o douradense aproveitar para se vacinar contra a dengue. O município tem um dos mais altos índices de infestação do mosquito transmissor da doença e cinco pessoas morreram de complicações de dengue em 2023.
“No Brasil, tivemos 1.000 mortes por dengue em 2023. O país responde por 5% da mortalidade por dengue no mundo. Essa vacina confere proteção de 90% contra internação por dengue, que são os casos mais graves. A vacina é eficiente, segura e amplamente testada. Em torno de 20 mil já tomaram a Qdenga no mundo todo”, informou Waldno Lucena.
O secretário reforçou que a vacina a ser aplicada nos douradenses a partir de janeiro é a mesma encontrada na rede privada.
“Numa das clínicas mais renomadas de Dourados, a vacina custa R$ 450 à vista e R$ 480 a prazo. Uma família de cinco pessoas precisa de R$ 4.500 para se proteger contra a dengue. O douradense receberá a mesma vacina, de graça”. Conforme o secretário, se fosse comprar as doses, o município teria de desembolsar R$ 13,5 milhões.
A vacina
Em fevereiro deste ano, a CNTBio (Comissão Técnica Nacional em Biossegurança) comprovou a segurança da vacina. O registro havia sido solicitado em abril de 2021 e aprovado em abril passado.
Segundo a SBMT (Sociedade Brasileira de Medicina Tropical), a QDENGA® é baseada em vírus vivo atenuado do sorotipo 2 da dengue, que fornece a estrutura principal genética para todos os quatro sorotipos da vacina e, expõe o indivíduo a vários componentes do vírus que podem ser importantes na proteção contra infecções futuras.
Até o momento é a única vacina aprovada no Brasil para utilização em indivíduos independentemente da exposição anterior à dengue e sem necessidade de teste pré-vacinação. A vacina foi avaliada em 19 ensaios clínicos de Fase 1, 2 e 3 envolvendo mais de 28 mil crianças e adultos.