Família acusa polícia de executar dois homens durante operação em fazenda de Corumbá

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  • Post publicado:18 de outubro de 2023
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Corumbá (MS) — A operação policial que resultou na morte de dois homens em uma fazenda de Corumbá, na região da Nhecolândia, na manhã desta quarta-feira (18), está sendo contestada pela família das vítimas. Eles afirmam que Joilce Castello Soares, de 43 anos, e Vadilson Candelário, de 44 anos, foram executados pelos policiais e as armas encontradas ao lado dos corpos foram “plantadas” para simular um confronto.

Ao Folha MS, a esposa de Joilce relatou que os policiais chegaram na fazenda com truculência, jogaram ela e o marido no chão e negou ter tido qualquer tipo de resistência por parte deles.

“Eles chegaram e já mandou nós dois deitar, já deitei ali no chão, daí um pisou nas minhas costas, falou abaixa a cabeça, daí eu olhei. Eu falei, você não é policial feminino para fazer isso. Ele falou, cala sua boca e fica deitada, estica o braço. Daí o policial chegou, algemou o Joilce dai ele falou, pode tirar a algema que ele não vai precisar de algema. Só algemou de um lado. Daí levaram o Joilce lá, daí a hora que estava atravessando o arame, o Batista apareceu e falou, você não disse que ia sair só morto daqui? Meu marido pediu para não fazer nada com ele nem comigo”

Eliete destacou que após a chegada de duas caminhonetes na propriedade, já com Joilce rendido, efetuaram um disparo no peito dele.

“Daí chegou uma caminhonete preta e outra branca. O policial falou assim, mão na cabeça, larga a arma, larga a arma. E o Joilce já estava com as mãos na cabeça, eu vi, daí deram um tiro bem no peito do Joilce e ele caiu, eles pegaram, vieram com um revólver enrolado no pano, assim ó, enrolado no pano e colocaram na mão dele, ele caído no chão já”, contou.

Em seguida, a mulher contou que os policiais seguiram para outra parte da propriedade onde teria ocorrido a morte de Vadilson.

O fato também revoltou o médico Jair Castello Soares, irmão de Joilce ele ressaltou que os dois homens mortos estavam em locais diferentes da propriedade rural, que pertence à família há cerca de um ano por decisão judicial.

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Polícia afirma que placas solares seriam produtos de furto

Jair também contou que os policiais seguiram até onde estava seu cunhado Vadilson, marido de sua irmã Cláudia, que também é médica. O médico contesta a versão da Polícia e indicou ainda que seu cunhado possuía um problema em uma das pernas e tinha até dificuldade de locomoção.

Ele informou ainda que o mandado de busca não constava o nome do seu cunhado e que sequer era alvo da operação.

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Familiares dos dois mortos pela Polícia na frente da Delegacia de Corumbá

Em relação aos gados encontrados na propriedade e a Polícia afirma ser objeto de roubo ou furto, Jair mencionou que o local foi arrendado para pastagem de bovinos. Também informou que os materiais que supostamente seriam produtos “furtados recentemente”, possui nota fiscal.

Familiares se reuniram na frente da delegacia no final da tarde desta quarta-feira em forma de protesto pedindo por justiça.

Operação Marruá 2.0

A Polícia Civil desencadeou nesta quarta-feira, 18/10, a operação denominada MARRUÁ 2.0, contra os delitos de furto qualificado, roubo, dano e homicídio qualificado, praticados por organização criminosa atuante na região da Nhecolândia, no Pantanal, especializada na prática de abigeato. Participaram da operação a Polícia Civil (representadas pela 1ª DP de Corumbá, DP de Ladário, DELEAGRO, DP de Aquidauana e DP de Miranda), a Polícia Militar (representada pela Polícia Militar Ambiental e pelo BOPE) e o Grupamento Aéreo da SEJUSP.

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Durante a ação, foram cumpridos Mandados de Busca e Apreensão em três residências situadas na cidade de Corumbá-MS e em duas áreas de propriedade rural situada no mesmo município.

Ao ingressar nos pontos da propriedade rural, equipes da DELEAGRO e do BOPE foram surpreendidas por disparos de arma de fogo efetuados por um dos alvos da investigação e por outro agressor. Prontamente, para preservação da própria integridade e garantia do cumprimento da determinação judicial, os policiais efetuaram disparos de arma de fogo, atingindo os alvos e interrompendo, assim, a injusta agressão.

O primeiro agressor foi atingido por um único disparo na região do tórax e o segundo também foi atingido por dois disparos, na região do tórax. Imediatamente o comando da operação acionou apoio aéreo para prestar socorro aos feridos, os quais faleceram nos locais dos fatos.

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Polícia diz ter encontrado animais com sinais de remarcação, família alega que pasto estava arrendado

A Polícia Científica foi acionada e realizou exames periciais nos locais. Em poder do primeiro agressor foi localizada uma arma de fogo do tipo espingarda adaptada para calibre 22, contendo cinco munições, dentre elas uma deflagrada, e no interior de sua residência foi localizada, ainda, uma carabina PUMA, calibre 38.

Em poder do segundo agressor foi localizada uma arma de fogo do tipo revólver calibre 38, contendo quatro munições, dentre elas uma deflagrada.

Nas áreas da propriedade rural situada na região da Nhecolândia foram encontrados produtos de furto ocorridos recentemente: placas solares, bomba de água e fios de energia elétrica, além de pouco mais de 100 cabeças de gado bovino e equino com sinais aparentes de remarcação e possivelmente produtos de roubos/furtos ocorridos nas fazendas adjacentes.

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