Troca de mensagens revelam cobranças e armações após a morte de Sophia

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A acusada é Stephanie de Jesus da Silva, mãe de Sophia, e o seu companheiro Christian Campoçano Leitheim (Foto: Reprodução)
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  • Post publicado:4 de agosto de 2023

Mensagens trocadas entre a mãe e o padrasto de Sophia OCampo, morta aos 2 anos, em Campo Grande, mostram cobranças feitas pelo acusado quando recebeu a notícia da morte da enteada pela esposa que estava no posto de saúde, na noite do dia 25 de janeiro deste ano.

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Após levar a filha ao posto de saúde, a mãe de Sophia manda mensagens para o marido dizendo que a criança está morta e, neste momento, o padrasto responde não acreditar e depois começa a cobrar da mulher se ela ainda vai querer ficar com ele.

Quando a mãe de Sophia fala que as médicas encontraram vários hematomas no corpo da menina, o padrasto diz para falar que a enteada caiu do escorregador do parquinho, “igual da outra vez”. A mulher ainda diz que foi informada pelas médicas que Sophia havia sido estuprada, mas o padrasto diz que nunca fez nada com a criança.

Assim, ele começa a cobrar da esposa se ela vai ou não ficar com ele. “Estou muito mal, não estou raciocinando direito”, diz a mulher ao ser cobrada pelo padrasto da filha. Ele ainda continua com a conversa. “Se estivesse te escutado aquela hora, ela (Sophia) estaria bem”, fala na mensagem.

Ainda na troca de mensagens, ele fala: “você quer ou não ficar comigo?” E a mãe de Sophia responde: “sim, quero”. Em seguida, o padrasto da menina diz que vai sair para andar um pouco. Ainda na unidade de saúde, a mãe de Sophia diz que o pai da menina chegou ao lugar chorando muito.

E a preocupação da mãe da criança é com a culpa que iria levar de Jean OCampo, pela morte da filha do casal. O padrasto da menina chega a escrever em mensagem: “isso tudo foi praga dele”.

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‘Não foi acidente’

Na segunda audiência sobre o caso Sophia OCampo, de 2 anos, o médico legista responsável pela autópsia da menina disse no dia 26 de maio que o que aconteceu com Sophia não foi acidente.

Na audiência que aconteceu a portas fechadas, e que o Jornal Midiamax teve acesso com exclusividade, o médico legista é enfático ao falar que uma grande força foi empregada contra Sophia, que já foi levada sem vida para a unidade de saúde, no dia 27 de janeiro. O padrasto e a mãe da menina estão presos suspeitos do crime.

A audiência teve aproximadamente 48 minutos de duração e foi comandada pelo juiz Carlos Alberto Garcete, com a presença da acusação e da defesa. Quando questionado sobre o trauma sofrido por Sophia, na medula, o médico explica o caso. “Não é uma simples queda que provocou o trauma, um simples acidente, foi usada uma força grande provocada por um adulto”, fala o médico.

Ainda segundo o médico legista, foi usada uma energia suficiente para fazer a lesão e quebrar a vértebra da coluna de Sophia. O médico também é questionado pela acusação sobre o trauma sofrido na medula que pode ter feito com que o pescoço tenha girado em 360º e poderia ter causado a morte instantânea de Sophia.

O médico relata que Sophia pode ter demorado para morrer. “Ela pode ter agonizado por horas até a morte”, fala. Ainda segundo o relato do médico legista, a criança não teria conseguido ir ao banheiro ou se alimentado sozinha com o trauma que havia sofrido. A mãe da menina no dia da morte disse em depoimento que a filha teria tomado iogurte e ido ao banheiro antes da saída delas para a unidade de saúde.

A perita Rosângela Monteiro, que atuou no caso Nardoni, em 2008, fez uma análise para a defesa do caso Sophia, que atua para o pai da menina.

Casa periciada

Logo na entrada da residência, em específico na varanda, foi observada a bagunça com lixos, objetos espalhados pelo chão e fraldas que estavam em sacos, além de embalagens vazias de latas de cerveja, demonstrando alto consumo de álcool. Na área de serviço, foi notado que recentemente roupas haviam sido lavadas e uma toalha branca chamou a atenção da perícia, já que estava separada das outras roupas estendidas no varal.

Já dentro da casa foi possível notar a desordem. Na sala havia um colchão no chão e sobre ele uma colcha, de cor rosa, onde os peritos encontraram três manchas: uma de cor marrom e outras duas, sendo uma delas de cor avermelhada, sugerindo ser sangue.

Na outra mancha encontrada foi usada luz azulada e com auxílio de óculos de coloração amarela pode-se perceber que se tratava de sêmen. Ainda na sala, foram encontrados vários medicamentos, que iam de tratamento para dores de cabeça, anti-inflamatórios, dores de garganta e prisão de ventre.

Também na sala foram encontrados dois tubos de lubrificante feminino, sendo um deles aberto e quase no final. Um dos tubos estava em cima de um móvel ao lado do colchão que estava no chão da sala e outro em cima de um móvel onde ficava uma CPU, que foi apreendida para passar pela perícia.

No quarto havia brinquedos espalhados, um ventilador quebrado e a cama também estava com o estrado quebrado. Uma toalha pendurada na porta do guarda-roupa foi periciada e encontrados vestígios de sêmen. Na cozinha havia louças na pia por lavar e outras limpas, e no banheiro tinha uma banheira, de cor rosa, com água limpa em seu interior.

Segundo a conclusão da perícia, havia objetos e vestígios remetendo à prática sexual na sala e no quarto e um alinho que destoava da desordem na sala e no quarto, além de limpeza recente no banheiro, o que sugere possível tentativa de alteração da cena na residência.

“Não é possível concluir nesse trabalho a existência de vestígios inequívocos de morte violenta em tal residência, não se descartando o prejuízo ante a falta de preservação do local durante o período entre a prisão dos supostos autores e a chegada da equipe pericial na residência”, disse a perita em laudo.

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