A dona de uma creche em Naviraí, a 359 quilômetros de Campo Grande, que foi presa na terça-feira (11) sob a acusação de dopar e torturar bebês, afirmou por meio de seu advogado que é inocente e que sempre tratou as crianças com “muito cuidado”. Ela teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, que a considerou uma pessoa de má índole, perigosa e agressiva, com extensa ficha criminal e risco de reiteração delituosa.
Segundo a decisão judicial, a dona da creche já havia sido presa anteriormente por maus-tratos a sua avó cadeirante e com uma das pernas amputadas. Além disso, as crianças e os bebês que frequentavam a creche ainda deverão passar por exames e a liberdade da acusada colocaria as vítimas em risco. A Justiça negou qualquer medida cautelar alternativa à prisão.
Em nota enviada pelo advogado, a dona da creche se defendeu das acusações e disse que nunca agrediu, maltratou, ameaçou ou constrangeu as crianças e bebês, que eram muito bem cuidados por ela na creche. Ela também negou que tenha ministrado remédios sem a autorização dos pais e afirmou que cada criança tinha uma ficha cadastral e os medicamentos eram só os que os pais enviavam. Por fim, ela pediu por reflexão e disse que muitas pessoas acabaram condenadas pelas redes sociais.
Flagrante de tortura ao vivo
A prisão da dona da creche em Naviraí, nessa terça-feira (11), após acusação de torturar e dopar bebês aconteceu depois da interceptação com captação de imagens por câmeras no local e instaladas pelo Departamento de Inteligência da Polícia Civil.
A instalação das câmeras na creche ocorreu depois do relato de uma das crianças que frequentava falar sobre os maus-tratos que aconteciam no local e diante dos indícios de crime foi feito o pedido para a Justiça de captação das imagens e áudios. Tudo foi acompanhado em tempo real pelos policiais.
Através do monitoramento, policiais constataram que um bebê, de 11 meses, foi agredido pela mulher às 11 horas. A criança estava em um colchão no chão, sozinha e havia saído do travesseiro que estava. A mulher brutalmente tirou a criança do colchão e a jogou no mesmo lugar. Em seguida, a bebê voltou a chorar, momento em que a suspeita novamente a pegou e jogou no colchão, além de dar alguns tapas no corpo da bebê, nitidamente como castigo em virtude do choro. A mulher ainda chamava a bebê de ‘sem vergonha’ e dizia que quando a criança começasse a andar estavam lascadas.
Como as imagens visualizadas pela polícia eram vistas em tempo real, uma equipe se deslocou até a creche enquanto outra permanecia fiscalizando pelo monitoramento.
Na creche, os investigadores estranharam o fato da bebê não se levantar do colchão e ficar no local por horas, sem se arrastar, engatinhar ou andar, aparentando estar sob efeito de algum medicamento.
A equipe que analisava as imagens notou que uma funcionária, de 26 anos, deu algum remédio para a mesma bebê, que dormiu por horas. Nesse tempo, a proprietária e a funcionária ficaram por muito tempo sentadas, mexendo no celular, sem olhar para as crianças que estavam lá.
Outras crianças estavam na creche e foram alimentadas pela equipe policial, pois estavam com fome. A perícia foi acionada e apreendeu o medicamento utilizado pelas cuidadoras. O remédio era utilizado para tratamento de sintomas de enjoo, tontura e vômitos, podendo causar sonolência, havendo a descrição de proibição na embalagem e na bula quanto ao uso por crianças menores de 02 anos.