Crianças viveram dias de terror em creche de MS onde apanhavam e eram dopadas pela dona

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  • Post publicado:12 de julho de 2023
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Naviraí (MS)- Uma creche em Naviraí, a 359 quilômetros de Campo Grande, foi alvo de uma denúncia de maus-tratos contra crianças e bebês. A dona do local e uma cuidadora foram presas pela polícia após relatos de mães que tiveram seus filhos agredidos e medicados sem autorização.

Segundo as mães, as crianças eram dopadas com remédios para dormir durante todo o tempo em que ficavam na creche. Além disso, elas sofriam violência física e psicológica, como tapas no rosto, arranhões, bolhas de sangue nos pés, puxões de cabelo e humilhações.

Uma das mães contou que a filha de 10 meses chegava em casa muito sonolenta e não comia as frutas que ela mandava para a creche. Ela também percebeu machucados no corpo da bebê e questionou a cuidadora, que disse que ela poderia ter se machucado engatinhando pelo local.

Outra mãe relatou que o filho de 2 anos chorava muito quando tinha que ir para a creche e sempre chegava sonolento. Ela disse que deixou o menino apenas uma semana no local e depois desistiu.

Uma criança de 5 anos, que também frequentava a creche, revelou à mãe que as cuidadoras batiam nas bocas dos bebês e que um dos meninos foi agredido por ter feito xixi na calça. A dona da creche ainda obrigou as outras crianças a chamá-lo de ‘mijão’ e ameaçou colocá-las de joelhos no milho se não o fizessem.

Outro menino disse à mãe que não queria mais ir à creche porque a ‘tia é má, bate e puxa o cabelo’. Ele também contou que a cuidadora falou que o cabelo dele era ruim e que ele ficou triste.

A polícia investiga o caso e as suspeitas podem responder por tortura, lesão corporal e maus-tratos. A creche funcionava há cerca de um ano e cobrava R$ 200 por mês de cada criança.

Flagrante de tortura ao vivo

A prisão da dona da creche em Naviraí, nessa terça-feira (11), após acusação de torturar e dopar bebês aconteceu depois da interceptação com captação de imagens por câmeras no local e instaladas pelo Departamento de Inteligência da Polícia Civil.

A instalação das câmeras na creche ocorreu depois do relato de uma das crianças que frequentava falar sobre os maus-tratos que aconteciam no local e diante dos indícios de crime foi feito o pedido para a Justiça de captação das imagens e áudios. Tudo foi acompanhado em tempo real pelos policiais. 

Através do monitoramento, policiais constataram que um bebê, de 11 meses, foi agredido pela mulher às 11 horas. A criança estava em um colchão no chão, sozinha e havia saído do travesseiro que estava. A mulher brutalmente tirou a criança do colchão e a jogou no mesmo lugar. Em seguida, a bebê voltou a chorar, momento em que a suspeita novamente a pegou e jogou no colchão, além de dar alguns tapas no corpo da bebê, nitidamente como castigo em virtude do choro. A mulher ainda chamava a bebê de ‘sem vergonha’ e dizia que quando a criança começasse a andar estavam lascadas.

Como as imagens visualizadas pela polícia eram vistas em tempo real, uma equipe se deslocou até a creche enquanto outra permanecia fiscalizando pelo monitoramento.

Na creche, os investigadores estranharam o fato da bebê não se levantar do colchão e ficar no local por horas, sem se arrastar, engatinhar ou andar, aparentando estar sob efeito de algum medicamento.

A equipe que analisava as imagens notou que uma funcionária, de 26 anos, deu algum remédio para a mesma bebê, que dormiu por horas. Nesse tempo, a proprietária e a funcionária ficaram por muito tempo sentadas, mexendo no celular, sem olhar para as crianças que estavam lá.

Outras crianças estavam na creche e foram alimentadas pela equipe policial, pois estavam com fome. A perícia foi acionada e apreendeu o medicamento utilizado pelas cuidadoras. O remédio era utilizado para tratamento de sintomas de enjoo, tontura e vômitos, podendo causar sonolência, havendo a descrição de proibição na embalagem e na bula quanto ao uso por crianças menores de 02 anos.

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