Corumbá (MS)- Durante a 21ª Semana Nacional de Museus, o Memorial do Homem Pantaneiro, que pertence ao IHP (Instituto Homem Pantaneiro), está com programação especial entre os dias 18 e 20 de maio (quinta a sábado). A entrada é aberta ao público, gratuita. O Memorial do Homem Pantaneiro está na Ladeira José Bonifácio, ao lado do número 171, no Porto Geral de Corumbá. O tema do evento neste ano é Museus, Sustentabilidade e Bem-Estar. A realização do evento é do Ministério da Cultura, com o governo federal, e a organização é do IHP.
Nessa programação reservada para retratar a cultura e história pantaneiras, haverá programação em diferentes horários. A abertura oficial no Memorial vai ser às 8h15, com quebra-torto pantaneiro, e logo depois uma roda de conversa com povos do Pantanal.
Convidados, como o ex-peão de fazenda Waldinei da Silva Pereira; o Guató Ciro Honorato da Costa, além de representantes do Quilombo Família Ozório vão abordar as experiências de vida e história para estudantes e público em geral. A roda de conversa acontece das 9h15 às 10h15.
Pela manhã, a partir das 10h15, também terá palestra com a socióloga do IHP, Wanessa Rodrigues, com o tema “O rio Paraguai por meio de uma perspectiva antropológica”.
Ainda no dia 18, quinta-feira, a partir das 15h30, haverá a oficina gratuita com as artesãs Maria Jovelina e Maria José. Elas vão mostrar o modo de se fazer a faixa pantaneira. As duas profissionais nasceram no Pantanal do Paiaguás e aprenderam as técnicas ainda jovens.
Para a sexta-feira, dia 19, haverá o encontro “Causos Pantaneiros”, entre 9h e 11h. Vão sentar-se em roda no Memorial do Homem Pantaneiro Seu Agapito, Seu Tião Rolon e Seu Sebastião para contar um pouco sobre situações vividas por quem teve muitas andanças pelo Pantanal em tempos passados.
A programação do dia 19 também vai trazer, às 15h30, a oficina sobre o modo de trançar couro bovino. O mestre-artesão Agápito Manoel será o responsável por realizar a oficina gratuita e aberta ao público.
No sábado, 20, terminarão os eventos no Memorial do Homem Pantaneiro. Às 9h, haverá o encontro de integrantes de comitivas pantaneiras Seu Renê de Almeida, Seu Agápito e Seu Benedito. Como integrantes de comitivas no passado, eles vão apresentar para os presentes toda a vivência da época que trabalhavam na lida.
No mesmo dia, às 16h, as Mulheres Pantaneiras Elenir Guató; a cozinheira de fazenda Girlene; a moradora no Paraguai Mirim Rosa Dilma; Dona Sebastiana e representante do Quilombo Família Ozório vão apresentar para os visitantes o que é ser mulher no Pantanal, as histórias de vida e de resistência.
Segundo o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), a edição deste ano destaca a importância dos museus como espaços que promovem o bem-estar e a sustentabilidade, apoiando três objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas: saúde e bem-estar global, ação climática e vida na terra.
Além da programação especial, o Memorial do Homem Pantaneiro fica aberto para os visitantes de terça a sexta, das 16h às 18h. Aos domingos, das 8h às 11h. A entrada é gratuita.
Personagens das oficinas
A artesã Maria José Silva da Costa Rodrigues, nascida em Albuquerque, distrito de Corumbá (MS), viveu com seus pais no Pantanal do Paiaguás e aprendeu a fazer faixa pantaneira aos 18 anos. Foi uma prima, que também residia no Pantanal do Paiaguás, que a ensinou. Desde que aprendeu, nunca deixou de fazer a faixa pantaneira.
Atualmente, dona Maria José reside em Corumbá e trabalha como empregada doméstica, mas à noite, em seu momento de descanso, costuma fazer a faixa pantaneira. Ele é conhecida por produzir faixa que é vendida para trabalhadores rurais no Pantanal. O filho dela, que é gerente de fazenda, comercializa quando vai subir o rio Paraguai em freteira.
O tear usado por dona Maria José é o mesmo há 30 anos, e que foi produzido pelo marido dela.
Já o mestre artesão Agápito Manoel de Aquino (Seu Gabi) tem 66 anos, nascido na Fazenda Santo Antônio, no Pantanal do Paiaguás. Ele aprendeu a tecer a faixa pantaneira com sua mãe, Dona Maria José de Aquino. Ela usava um tear formato janela para fazer faixas e redes. Esse conhecimento foi herdado da avó dele, que morava em Cuiabá (MT).
Além de confeccionar a faixa pantaneira, Seu Gabi é artesão em couro, faz acessórios e peças de selaria para trabalhadores do campo. Aprendeu o ofício diante da necessidade de ter equipamentos para o trabalho em comitiva. Além disso, como não tinham meios para comprar esses equipamento quando vivia no meio do Pantanal, ele aprendeu a confeccionar laços, guaiacas, tiradores, selas e outros. Após se aposentar e mudar para Corumbá, ainda confecciona vários tipos de peças em couro e comercializa na cidade.
Programação detalhada
Sobre o IHP
O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Fundado em 2002 em Corumbá (MS), atua na conservação e preservação do bioma Pantanal e da cultura local.
Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área.
Os programas e projetos permanentes que o Instituto atua são Rede Amolar, Cabeceiras do Pantanal, Amolar Experience, Felinos Pantaneiros, Memorial do Homem Pantaneiro, Brigada Alto Pantanal e Estratégias para Conservação da Natureza. Saiba mais em https://institutohomempantaneiro.org.br/.
*As informações são da Ascom IHP