Lisboa — Depois de quatro anos do anúncio da condecoração, o cantor, compositor e escritor brasileiro Chico Buarque de Holanda recebeu, nesta segunda-feira (24/4), o Prêmio Camões, um dos mais importantes do mundo. A demora se deveu à recusa do então presidente Jair Bolsonaro de assinar o documento que garantia a honraria. Brasil e Portugal são responsáveis pela premiação, de 100 mil euros (R$ 560 mil). A cerimônia de condecoração ocorreu no suntuoso Palácio Nacional de Queluz, onde nasceu e morreu o imperador Dom Pedro I.
Chico, como a maioria dos artistas, era visto como inimigo pelo governo passado, além de ser apoiador de primeira hora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante as últimas eleições, ele gravou vídeos em que dizia que era importante eleger o petista como forma de garantir a democracia do Brasil, combater a onda de ódio e eliminar a pobreza. “Mesmo quem não gosta do Lula deve votar nele, pois Bolsonaro é muito pior”, afirmou à época.
A entrega da honraria foi das mais concorridas, com a presença de políticos, ministros e ex-ministros, acadêmicos, artista e escritores, como o moçambicano Mia Couto. Tudo foi acertado pessoalmente entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está em viagem a Portugal, e o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.
Presente na cerimônia, a cantora Fafá de Belém foi enfática: “Eu acho que (o prêmio dado a Chico) é um ato simbólico, finalmente o resgate de democracia e do respeito às artes como fundamentais para o desenvolvimento de um país”.