Corumbá (MS)- Após a repercussão negativa do fato registrado por imagens que mostram guardas municipais algemando um deficiente físico, que reclamava do atendimento prestado à filha de apenas 3 anos de idade na frente do pronto-socorro municipal na noite da última segunda-feira, 11 de abril, o município emitiu uma “nota de esclarecimento”.
Quase uma semana depois, e somente por conta da repercussão negativa do caso, que ganhou espaço nas redes sociais, a prefeitura de Corumbá, emitiu nota em que leva em consideração, apenas a versão apresentada pelos servidores públicos envolvidos no caso e os relatos dos mesmos em boletim de ocorrência.
Para a prefeitura, a atitude dos servidores não se caracterizou como uso desproporcional de força e negou qualquer agressão ao homem que aparece nas imagens, sendo algemado na frente da família, e obrigado a permanecer em pé, escorado em uma porta de vidro, em uma perna só, já que é deficiente físico.
A nota, sequer relata o fato do uso das algemas pelos guardas municipais, e se limita apenas a dizer que o homem foi encaminhado para delegacia sem o uso de algemas.
Também se abstém de relatar que o próprio boletim de ocorrência mencionado na nota, informa que o homem, relatou ter sido agredido com empurrões e pressionado contra o vidro da porta na unidade. O boletim de ocorrência relata que foi designado a realização de exame de corpo de delito.
O caso
Segundo informações, o homem compareceu com as duas filhas e esposa após as 22 horas de segunda-feira, (11), no pronto-socorro municipal em busca de atendimento médico para filha de apenas 3 anos, que apresentava mais de 40° graus de febre.
Segundo a família a menina não teria tido um acolhimento satisfatório na unidade, o que gerou revolta no pai que passou a questionar o atendimento já que, apesar dos sintomas persistirem, a garota teria sido liberada sem nenhuma medicação.
A criança só foi medicada, posteriormente quando a família buscou novamente atendimento, desta vez, na UPA do bairro Guatós.
Servidores que se sentiram desacatados teriam então solicitado a presença da guarda municipal que retirou o homem das instalações e alegaram também terem sido ofendidos, e o algemaram.
Confira a nota na íntegra
Sobre o incidente ocorrido no final da tarde da última terça-feira, 11 de abril, no Pronto Socorro, a Secretaria Municipal de Segurança Pública e Defesa Social esclarece que não houve agressão e nem uso desproporcional de força na atuação dos guardas municipais acionados pela equipe da unidade médica.
Conforme o Boletim de Ocorrência 1675/2023, registrado na Delegacia de Polícia Civil, “a guarnição foi acionada pela central da GCM para comparecer ao Pronto Socorro Municipal, para conduzir o acusado por estar causando tumulto no local”.
Ainda de acordo com o BO, “na chegada o autor estava exaltado e desferindo palavras de baixo calão e ameaçando o GCM de serviço. O autor foi conduzido a esta delegacia sem o uso de algemas e sem ferimentos”.
Logo após o registro do Boletim de Ocorrência, compareceu na Unidade Policial outro guarda municipal afirmando “que o autor também o desacatou, chamando-o de ‘guardinha’, de maneira pejorativa, além de desacatar o médico, chamando-o de ‘médico porcaria, não sabe de nada”.
A Secretaria Municipal de Segurança Pública e Defesa Social reitera que a atuação dos guardas municipais foi somente a necessária para resguardar a integridade física dos servidores do Pronto Socorro, dos demais usuários da unidade médica, dos guardas municipais e do próprio acusado.
Saúde
Por sua vez, a Secretaria Municipal de Saúde esclarece que a criança não ficou sem atendimento médico. Conforme relatou a equipe médica, precisamente às 22h13 deu entrada na classificação de risco o paciente de 03 anos e 7 meses, em colo de sua genitora, com relato de febre e episódio emético, com início dos sintomas no mesmo dia.
Aos sinais vitais:
Peso – 14,250kg
Temperatura 41,3.
Frequência cardíaca 109 BPM.
Saturação 97%
Classificação Cor Amarela
Ao realizar o atendimento médico, criança acampada da mãe, no consultório, realizado prescrição médica e solicitação de exames laboratoriais, um senhor identificando-se como pai da criança, entrou no consultório médico bem nervoso e ameaçou o médico. Foi necessário o acionamento da Guarda Municipal que imediatamente retirou o paciente que se encontrava muito agressivo. Neste momento foi acionado a equipe da Romu.
Enquanto aguardava a equipe do lado de fora, contido para proteção dos outros paciente, o senhor começou a gritar para a população e sua esposa filmarem, estimulando revolta na população. Essa não foi a primeira vez que o acusado teve esse tipo de comportamento, prejudicando todo o atendimento, com ofensas e palavrões. O médico também fez um boletim de ocorrência contra o acusado.