Mato Grosso do Sul está prestes a inaugurar o maior hospital especializado em animais silvestres da América Latina. Em construção no Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande, a unidade está em fase final de obras.
Neste 3 de março, data instituída pela ONU (Organização das Nações Unidas) como o “Dia Mundial da Vida Selvagem”, o Governo do Estado reforça a importância do hospital para a preservação da biodiversidade sul-mato-grossense.
Cerca de 2,5 mil animais passam pelo Cras todos os anos. Com a ativação do hospital, o atendimento à vida selvagem será modernizado, uma vez que o prédio vai concentrar serviços como triagem, exames, atendimento clínico, cirurgias e reabilitação.
“Hoje, quando precisamos fazer exames como raio-x e ultrassom, dependemos de parceiros, como universidades. Com a nova clínica, vamos concentrar todo esse serviço no Cras, o que vai proporcionar conforto e dar mais agilidade e efetividade ao atendimento”, conta a coordenadora do Cras, Aline Duarte.
Pesquisador e responsável técnico pelo Centro de Reabilitação, o médico veterinário Lucas Cazati destaca a importância do hospital no estudo da vida selvagem.
“Vamos fazer pesquisas científicas, desenvolver literatura, receber universidades estrangeiras e fazer cooperações técnicas. Já estamos desenvolvendo um projeto pioneiro contra a extinção da onça pintada, por exemplo. Esse hospital será o maior da América Latina. Outro maior que esse só tem em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos”, frisa.
Obra
O hospital veterinário vai modernizar o atendimento aos bichos das mais diversas espécies que vivem no Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica e acabaram resgatados devido a problemas de saúde.
Com investimento de R$ 5 milhões, o complexo terá 1.162,33 m² de área construída. Segundo projeto da Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos), a clínica contará com centro cirúrgico completo, centro de triagem, setores de quarentena para mamíferos, aves e répteis, sala de necropsia com câmara fria, laboratório de anatomia patológica e laboratório de patologias clínicas. Terá ainda salas de exames clínicos e de imagem com ultrassom e raio-x, além de clínica para pronto atendimento.
A parte administrativa terá estrutura completa para atender a equipe de veterinários, biólogos e demais profissionais. Segundo a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos), a equipe de obra trabalha na fase de acabamento, instalação de pastilhas, pinturas finais e instalações de louças e metais.
Trabalho reconhecido
Criado em julho de 1987 para recepcionar, triar e destinar os animais silvestres apreendidos em operações de combate ao tráfico, atropelados nas rodovias estaduais ou ainda entregues voluntariamente pela população, o Cras desenvolve trabalho de excelência, reconhecido em todo o Brasil. Foi um dos primeiros Centros de Triagem de Animais Silvestres do País e é, atualmente, o mais importante da categoria.
Entre 70% e 80% dos animais que entram na unidade são tratados, reabilitados e devolvidos à natureza. O restante acaba perdendo a vida ou sendo transferido para zoológicos, instituições científicas ou criadouros – quando não podem ser reinseridos no habitat natural.
A unidade é vinculada ao Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e já ganhou destaque internacional por realizar procedimentos avançados, como o implante de bico em uma arara Canindé realizado com sucesso em março de 2020, que repercutiu nos meios científicos internacionais. O Centro de Reabilitação também fez uma prótese em impressora 3D para implantar em um mutum, pássaro de grande porte que foi vítima de atropelamento.