Corumbá (MS)- Enquanto a cidade está “largada às traças”, o mato tomando conta das ruas, escolas, praças, terrenos (públicos e privados), a dengue crescendo em ritmo acelerado, farmácias de postos de saúde há meses sem medicação, uma parte da população de Corumbá, ao menos, não tem do que reclamar.
Os quase 600 servidores comissionados alocados de forma indiscriminada em diversos setores da Prefeitura Municipal.
Um levantamento feito pela reportagem do Folha MS junto ao Portal da Transparência, mostra que a cidade nunca gastou tanto para manter servidores comissionados. Em média, no ano de 2022, o contribuinte corumbaense arcou com quase R$ 4 milhões de reais por mês para manter os apadrinhados de Iunes nos cargos.
Os gastos desenfreados parecem mesmo não terem limites ao autodenominado “Prefeito do Povo”. O número registrado em 2022 superou em 20% o que havia sido gasto no ano anterior para pagamento do mesmo grupo de servidores, quando se registrou a marca de R$ 38 milhões de reais.
E o contribuinte corumbaense deve estar preparado para um novo recorde em 2023. Os números mostrados no Portal da Transparência, revelam que somente em janeiro deste ano, o valor gasto com salários de servidores comissionados foi de R$ 3.983.719,77 (Três milhões, novecentos e oitenta e três mil, setecentos e dezenove reais), o maior já registrado desde quando os dados começaram a ser divulgados por força da lei da transparência em um único mês. (Folha mensal, sem contar pagamento de 13º e férias)
Chama ainda a atenção, a diversidade de funções exercidas por este seleto grupo de servidores dentro da organização municipal.
Conforme mostrado em outras reportagens do Portal Folha MS, entre as obrigações desses servidores para justificar tamanho gasto, está o uso político para apoio de aliados do prefeito, a presença em eventos não oficiais e até fora da cidade e em horário de trabalho para demonstrar “força” em apoio a candidatura da cunhada (derrotada nas eleições gerais de 2022), e claro, a defesa maciça do chefe do poder executivo corumbaense nas redes sociais.
Ai daquele que não curtir, comentar, compartilhar e comparecer as convocações de reuniões ordenadas pelo alcaide corumbaense. E tem lista para comprovar presença como mostrado também em reportagem.
Confira os gastos mensais de 2022 com comissionados
- Janeiro – 544 servidores – R$ 3.285.363,87
- Fevereiro – 556 servidores – R$ 3.319.863,45
- Março – 553 servidores –R$ 3.333.687,22
- Abril – 541 servidores – R$ 3.280.098,20
- Maio – 557 servidores – R$ 3.415.516,99
- Junho – 557 servidores – R$ 3.498.993,77
- Julho – 567 servidores – R$ 3.633.280,54
- Agosto – 661 servidores –R$ 3.837.876,64
- Setembro – 582 servidores – R$ 3.646.377,27
- Outubro – 574 servidores – R$ 3.695.573,98
- Novembro – 566 servidores – R$ 3.688.503,45
- Dezembro – 558 servidores – R$ 7.102.816,94
- Total ano 2022 – R$ 45.737.952,32 (Quarenta e cinco milhões, setecentos e trinta e sete mil, novecentos e cinquenta e dois reais com trinta e dois centavos)
Sobra para comissionados, mas falta para saúde
Apesar de manter mensalmente um gasto aproximado de quase R$ 4 milhões de reais para manutenção dos cerca de 600 cargos comissionados e de livre nomeação dentro da Prefeitura de Corumbá, o atual prefeito Marcelo Iunes, não encontra a mesma disposição para arcar com os custos da manutenção da saúde pública municipal.
Quando o assunto é saúde, falta de tudo na Cidade Branca. De dipirona a material de higiene o único hospital público da cidade está na UTI. A população de mais idade precisa recorrer a parentes para ter acesso a medicamentos que deveriam ser ofertados gratuitamente nas farmácias municipais.
Aliás, o único setor da saúde para qual não faltava dinheiro era para o laboratório de análise clínicas da família do prefeito, que teve contrato suspenso por força de uma decisão judicial, depois de abocanhar quase um milhão de reais dos cofres públicos.
Não é de hoje que a saúde não é prioridade no governo de Marcelo Iunes. Em 2021, mesmo sendo prefeito da cidade com a terceira maior arrecadação do estado, teve a coragem de declarar publicamente que faltava dinheiro para implementação de uma UTI Neonatal dentro da Santa Casa, (setor que até hoje a população não conta). No mesmo dia, chegou a chamar o setor de oncologia, um dos poucos tratamentos de alta complexidade ofertados na cidade, de “Elefante Branco”.
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