Corumbá (MS)- Chegou ao fim o mais longo protesto realizado pelo comitê cívico boliviano na fronteira do país com o Brasil. Foram 36 dias consecutivos que culminaram no fechamento e impedimento da circulação de veículos na fronteira entre Puerto Quijarro e Corumbá.
A liberação do tráfego no local ocorreu na noite deste sábado, horas após o líder do movimento grevista presidente Cívico Interinstitucional Rómulo Calvo anunciar o fim das manifestações.
“A partir deste momento fazemos um quarto intervalo, levantamos a greve e os bloqueios sem suspender nossa luta. Continuamos em situação de emergência, saibamos gerir a nossa vitória em benefício de todos. Assumimos a defesa legal daqueles que ainda estão detidos por esta causa. Não vamos abandoná-los. Povo de Santa Cruz, mais uma vez, obrigado por seu sacrifício, que não foi em vão, senhoras, senhores, jovens e crianças, é hora de voltar a estudar e trabalhar para recuperar sua força física e economia. Faremos isso com muita força, nosso moral está mais alto do que nunca. A Bolívia renasce hoje. Subimos juntos com um ideal no coração e dou os parabéns a todos por terem conseguido abrir as comportas da liberdade”, disse Rómulo Calvo
O movimento iniciado em 22 de outubro, pedia a realização do censo demográfico no país em 2023, e teve início em confronto idealista ao atual governo de Luiz Arce que prorrogou a realização para 2014.
Apesar da decisão das lideranças do movimento grevista, muitos comitês relutaram em aceitar o encerramento dos protestos, alegando, não haver nenhuma garantia de que o pedido da população será assegura, mesmo com a aprovação pelos deputados bolivianos da “lei do censo” que segue ainda para aprovação no senado e posteriormente sua promulgação pelo governo.
A insatisfação dos manifestantes se dá ainda pelo fato da lei manter a realização do censo em 2024, porém, com a divulgação do seu resultado em setembro do mesmo ano.
O resultado é importante, segundo eles, para que haja uma redistribuição do número de assentos legislativos por região, bem como uma nova redistribuição econômica, que vem afetando a política social em diversas áreas do país.
A partir desta segunda-feira, 28 de novembro, é aguardada uma grande movimentação de veículos pesados que ao longo dos 36 dias se acumulou na fronteira entre Brasil e Bolívia.
Prejuízos
De acordo com informações do escritório da Receita Federal em Corumbá, a paralisação das atividades pelo fechamento da fronteira Brasil-Bolívia, teve um impacto financeiro estimado em R$ 45.000.000,00 quarenta e cinco milhões de reais por dia útil na movimentação de mercadorias que deixaram de circular entre os dois países.
Com 25 dias úteis contabilizados, o prejuízo total estimados foram na ordem de R$ 1.125.000.000,00 (um bilhão cento e vinte e cinco milhões de reais).
Em valor comercial, 90% são exportações brasileiras e 10% são exportações bolivianas. Sendo assim, os exportadores brasileiros deixaram de faturar R$ 1.012.500.000,00 (um bilhão doze milhões e quinhentos mil reais), e os exportadores bolivianos R$ 112.500.000,00 (cento e doze milhões e quinhentos mil reais).