Num esforço para não deixar margem para uma ruptura institucional no Brasil, líderes internacionais e personalidades se apressaram para enviar telegramas de reconhecimento da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. A estratégia repete o que governos democráticos fizeram diante do risco de que Donald Trump tumultuasse a eleição nos EUA, diante da vitória de Joe Biden.
A decisão de acelerar um reconhecimento foi comunicada, antes mesmo da eleição, às campanhas dos dois candidatos. Por semanas, grupos da sociedade civil brasileira ainda percorreram capitais na Europa e América do Norte, pedindo que esse respaldo fosse dado ao TSE.
Joe Biden, presidente dos EUA, elogiou as eleições no Brasil e fez questão de parabenizar Lula. Bolsonaro havia sido um dos últimos líderes no mundo a reconhecer a vitória do democrata americano.
Quase imediatamente após o anúncio oficial pelo TSE, o presidente da Argentina, Alberto Fernandez, emitiu uma declaração. “Parabéns Lula. Tua vitória abre um novo tempo para a história da América Latina. Um tempo de esperança e de futuro que começa hoje mesmo”, disse.
“Aqui você tem um companheiro para trabalhar e sonhar sobre o bem-estar de nossos povos”, afirmou.
Na Europa, o presidente da França, Emmanuel Macron, também emitiu uma nota. “Parabéns, querido Lula”, disse. A eleição, segundo ele, “abre uma nova página da história do Brasil”. “Juntos, vamos unir forças para lidar com muitos desafios comuns e renovar a amizade entre os dois países”, disse. Macron, ao longo dos anos, foi criticado por Bolsonaro e teve sua mulher ofendida pelo candidato derrotado.
Toutes mes félicitations, cher @LulaOficial, pour ton élection qui ouvre une nouvelle page de l'histoire du Brésil. Ensemble, nous allons unir nos forces pour relever les nombreux défis communs et renouer le lien d'amitié entre nos deux pays.
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) October 30, 2022
O governo da Alemanha também se manifestou. “Parabéns, presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pela vitória nas eleições. Estamos felizes com a perspectiva de ampliarmos juntos e aprofundarmos ainda mais as relações Brasil-Alemanha”, escreveu o embaixador alemão Heiko Thoms.
Uma das mensagens de maior peso veio de Josep Borrell, chefe da diplomacia da UE. “A UE elogia o Tribunal Eleitoral em particular pela maneira eficaz e transparente como conduziu seu mandato constitucional durante todas as etapas do processo eleitoral, demonstrando mais uma vez a força das instituições brasileiras e de sua democracia”, declarou.
“A UE e o Brasil têm uma parceria estratégica de longa data, baseada em valores compartilhados e no respeito à Democracia, aos Direitos Humanos e ao Estado de Direito”, disse.
“Estamos comprometidos em aprofundar e ampliar nosso relacionamento com o Brasil em todas as áreas de interesse mútuo, inclusive no comércio, meio ambiente, mudanças climáticas e na agenda digital, em benefício de nossos cidadãos”, afirmou. “Também aprimoraremos nosso trabalho em conjunto em prol de um desenvolvimento inclusivo, justo e sustentável”, afirmou.
Os chefes de governo do México e Espanha também já se manifestaram, parabenizando Lula.
O primeiro-ministro português, Antonio Costa, foi outro que mandou uma mensagem de parabenização ao novo presidente. O presidente português, Marcelo Rebelo de Souza, indicou que Lula vai iniciar “um período promissor nas relações fraternais entre os povos brasileiro e português”.
Já tive a oportunidade de felicitar calorosamente @LulaOficial pela sua eleição como Presidente da República do Brasil. Encaro com grande entusiasmo o nosso trabalho conjunto nos próximos anos, em prol de #Portugal e do #Brasil, mas também em torno das grandes causas globais.
— António Costa (@antoniocostapm) October 30, 2022
Miguel Diaz, presidente de Cuba, também comemorou a vitória de Lula. Nicolas Maduro, presidente da Venezuela, foi outro que aplaudiu a eleição do petista.
A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva foi comemorada pelo ganhador do prêmio Nobel da Paz e presidente do Timor Leste, José Ramos Horta. “As eleições foram limpas gerenciadas com muita competência e integridade pelas instituições eleitorais brasileiras com muita experiência e credibilidade reconhecidas internacionalmente”, disse.
“Justiça foi feita ao restaurar-se a vibrante democracia brasileira e assim corrigirem-se os graves atropelos ao Estado de Direito, as graves injustiças na perseguição e manipulação do poder judicial contra Lula”, disse o presidente, que apontou que foi um dos poucos no cenário internacional a sair em defesa de Lula quando esteve na prisão.
“Agora o povo brasileiro tem que reconciliar-se, sarar as feridas profundas na sociedade, eliminar a exclusão e discriminação, reunir toda a grande família brasileira multi color, multi étnico, multi cultural, mobilizar a sua criatividade para a visão de um Brasil novo, reconciliado, pacifico, solidário, fraterno”, disse.
“No plano internacional, com Lula o Brasil vai voltar ao período áureo da década da sua presidência anterior, como ilustrado então na capa da revista Economist, o Brasil estratosférico”, declarou.
“Neste mundo conturbado, extremamente perigoso, em fragmentação, sem uma carismática liderança global, Lula poderá ser a voz da moderação, o construtor de pontes de diálogo e de solução de conflitos”, completou.