Deflação? Quase 140 preços pesquisados pelo IBGE acumulam alta superior a 10% em um ano

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  • Post publicado:24 de agosto de 2022

Na média, os preços da economia podem até ter ficado no terreno negativo nos últimos 30 dias. Segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira, o IPCA-15, que mede a inflação entre os dias 15 de julho e 15 de agosto, recuou 0,73%. Foi o menor resultado para o índice desde o início da série histórica do IBGE, em 1991.

O presidente Jair Bolsonaro, comemorou na entrevista que deu ao Jornal Nacional segunda-feira, os números “fantásticos” da economia, citando a deflação. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, previu que serão três meses de inflação negativa.

Mas o brasileiro que vai ao supermercado não sente isso no bolso e vem mudando a forma de fazer compras. Vários itens importantes na cesta de consumo acumulam fortes altas nos últimos 12 meses. Do total de produtos pesquisados pelo IBGE, 135 itens sobem acima de 10% nesse período.

O leite, principal vilão da inflação e que avançou 14,21% em agosto, acumula alta de quase 80% (79,79%). A cebola subiu 56,57%. O feijão carioca, 33,99%. A farinha de trigo, 28,88%.

Inflação dos hortifrutigrajeiros em 2022

E, mesmo quando se olha o comportamento dos preços apenas nos últimos 30 dias, há altas expressivas. Dos produtos pesquisados pelo IBGE, 25 subiram acima de 3% em um único mês. Além do leite (14,21%), integram a lista manteiga (5,02%), batata-doce (5,19%) e frango em pedaços (3,08%).

Então, por que, afinal de contas, o índice oficial de inflação ficou negativo nos últimos 30 dias? O número foi muito influenciado por medidas do governo adotadas para reduzir a inflação quase “na marra” neste ano eleitoral.

Em junho, o Congresso aprovou um projeto que limita o ICMS cobrado de energia elétrica e combustíveis – até então, o vilão da inflação – a um teto de 17% e 18%. Os preços de gasolina e diesel caíram, mas a conta ficou para os estados e municípios, que tiveram perda de arrecadação.

Além das medidas do governo, ajudou na queda dos preços a escalada na taxa de juros feita pelo Banco Central. A taxa básica Selic subiu pela 12ª vez seguida no início deste mês, chegando a 13,75% ao ano, o maior patamar desde novembro de 2016.

Ainda assim, a alta de preços pesa no bolso do consumidor, sobretudo dos mais pobres. A inflação de alimentos não dá tréguas e itens de higiene e limpeza também acumulam fortes altas, como o sabonete, que subiu mais de 20% em um ano.

Veja, abaixo, a lista dos produtos que mais subiram nos últimos 12 meses.

  • Leite longa vida: 79,79
  • Pepino: 78,61%
  • Melão: 64,16%
  • Morango: 60,49%
  • Cebola: 56,57%
  • Melancia: 50,93%
  • Manga: 47,88%
  • Óleo diesel: 37,28%
  • Alimento infantil: 34,49%
  • Feijão – carioca (rajado): 33,99%
  • Mamão: 33,84%
  • Repolho:29,82%
  • Maçã: 29,53%
  • Farinha de trigo: 28,98%
  • Seguro voluntário de veículo: 28,28%
  • Alface: 27,09%
  • Leite condensado: 26,67%
  • Banana-d’água: 25,62%
  • Macarrão instantâneo: 24,72%
  • Abobrinha: 22,79%
  • Maionese: 22,55%
  • Agasalho feminino: 21,49%
  • Farinha de arroz: 21,25%
  • Sabonete: 20,95%
  • Couve: 20,87%