Varíola dos macacos: em 95% dos casos há suspeita de transmissão durante o sexo, mostra estudo

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Imagem de microscópio eletrônico colorizada artificialmente mostra vírus da varíola dos macacos (em verde) Foto: NIAID-NIH
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  • Post publicado:27 de julho de 2022
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Enquanto os casos de varíola dos macacos avançam no mundo, com a Organização Mundial da Saúde (OMS) tendo declarado emergência de saúde internacional na última semana, os cientistas buscam entender o perfil da doença neste novo surto, que pela primeira vez se dissemina pelo planeta e afeta regiões de fora do continente africano. Um novo estudo, conduzido por pesquisadores de diversas nações e publicado na revista científica New England Journal of Medicine, aponta uma das características da infecção que tem chamado atenção dos especialistas: 95% dos casos analisados são suspeitos de transmissão durante a relação sexual.

Antes do surto atual, sabia-se que o vírus era transmitido por contato prolongado de pele com pele, especialmente com as lesões cutâneas causadas pela doença, mas não havia registros de disseminação tão recorrente entre humanos e em episódio associados ao sexo. O novo estudo, porém, assim como outros publicados recentemente, encontrou o DNA do monkeypox – vírus causador da varíola dos macacos – no sêmen em 29 de 32 homens que tiveram a amostra analisada.

Ainda assim, não há confirmação de que a presença do vírus no local é capaz de provocar uma infecção. Logo, não se sabe se relação sexual é de fato uma via primária de transmissão, o que caracterizaria a varíola dos macacos como uma infecção sexualmente transmissível (IST). Há a possibilidade de a ampla contaminação ligada a relações sexuais acontecer apenas pelo momento íntimo favorecer o contato da pele com pele, que já se sabe ser um meio de contaminação.

Para chegar às conclusões, o amplo trabalho analisou um total de 528 diagnósticos, em 16 países, detectados entre abril e junho deste ano. Além da suspeita em relação ao sexo, eles constataram que as erupções cutâneas – sintoma mais característico da doença – acometeu 95% dos pacientes. Destes, a maioria (64%) apresentou menos de dez lesões ao todo, e 73% dos relatos foram na região do ânus e da genitália.

Entre os casos analisados, 5% receberam tratamento com antiviral e 13% precisaram de hospitalização. Os motivos para a internação foram principalmente para manejo das dores intensas e por infecção de tecidos. Em casos mais raros, houve necessidade por faringite, lesões oculares, lesão renal aguda e miocardite, mas cada um representou apenas dois dos mais de 500 diagnósticos. Não houve mortes relatadas no grupo.

A avaliação dos cientistas também constatou que, de 377 pessoas testadas, 109 (29%) apresentaram ISTs concomitantes à contaminação pelo vírus monkeypox. Além disso, embora as autoridades de saúde, como a OMS, deixem claro que todos podem ser infectados e alertem para o cuidado com o estigma, o estudo mostrou que a maioria dos pacientes são homens gays, bissexuais ou que fazem sexo com outro homens – 98% da amostra. A média de idade dos infectados foi de 38 anos e 41% tinham um diagnóstico de HIV.

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