O papa Francisco afirmou que não renunciará. A declaração ocorreu em entrevista exclusiva à agência Reuters, publicada nesta segunda-feira, 4, após rumores de que deixaria o pontificado em meio a fortes dores no joelho que o impediram de cumprir alguns compromissos e viagens oficiais à República Democrática do Congo e ao Sudão do Sul.
À agência, o pontífice, de 85 anos, respondeu que também são falsos os boatos de que estaria com câncer e brincou que os médicos “não o dizem nada”. Ele apontou que planeja visitar o Canadá ainda em julho e que espera poder visitar Moscou e Kiev “assim que possível”. Para receber a entrevista, no domicílio papal, utilizou uma bengala.
Os rumores de renúncia ganharam força também em decorrência a uma série de eventos marcados para agosto, que incluem encontros com cardeais sobre uma nova constituição do Vaticano, uma cerimônia de nomeação de novos cardeais e uma visita à cidade italiana L’Aquila, associada ao papa Celestino V, que renunciou ao papado em 1294 e visitada por Bento XVI quatro anos antes de também deixar o pontificado.
Segundo o papa Francisco disse à Reuters, trata-se apenas de uma coincidência. “Todas essas coincidências fizeram com que alguns pensassem que a mesma ‘liturgia’ aconteceria”, disse. “Mas isso nunca passou pela minha cabeça. Neste momento, neste momento, não. Realmente!”
Ele admitiu que pode renunciar no futuro se não tiver condições de saúde para liderar a Igreja Católica. Perguntado pela agência quando seria, respondeu: “Nós não sabemos. Deus irá dizer.”
Sobre as dores no joelho, o papa explicou se tratar de uma “pequena fratura” provocada por um passo em falso enquanto um ligamento estava inflamado. Segundo ele, o problema está melhorando “lentamente”, por meio de um tratamento com laser e magnetismo. Também descartou uma cirurgia, pois a anestesia de outra operação a que foi submetido (no ano passado, para diverticulite) causou “efeitos colaterais negativos”.
O papa ainda foi perguntado sobre questões envolvendo a recente decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos sobre o direito ao aborto. Ele respondeu que não tem embasamento jurídico suficiente para comentar sobre o caso, mas que condena a interrupção da gravidez.