MS tem mais de 600 crianças e adolescentes vivendo em abrigos

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Ter festa de aniversário, receber um presente surpresa da família, fazer um passeio no fim do dia com o pai ou a mãe, escolher a comida que mais gosta para jantar ou almoçar e ter a refeição preparada pelo pai ou pela mãe. Tudo isso, em menor ou maior grau, acontece com milhares de crianças em Mato Grosso do Sul.

Quem acaba vivendo em um abrigo no Estado, infelizmente, não pode ter todos esses privilégios, apesar de haver esforço para algo dessa lista acontecer.

Em MS, há 639 crianças que vivem em abrigos porque perderam os pais e não têm familiares. Outras sofreram violência das mais diferentes formas e precisaram ser afastadas da família para a própria segurança.

A maior parte dessa população de jovens com menos de 18 anos, que faz parte do futuro do Estado, aguarda para saber se poderá ter uma reaproximação com algum familiar. Alguns já estão em condição para serem adotados.

Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) indicam que existem 87 crianças e adolescentes para serem adotados em Mato Grosso do Sul. Entre eles está Maria, que tem menos de três meses e está internada em Campo Grande, em um centro de terapia intensiva (CTI).

A bebê corumbaense perdeu a mãe logo depois do parto, e nenhum familiar tem condições psicológicas e econômicas para assumir sua guarda. Ela não recebeu nenhum cuidado prévio, pois sua mãe não passou por pré-natal em Corumbá.

A situação de Maria se enquadra em um quesito quase muito demandado quando o tema é adoção. Ela é recém-nascida, e crianças que estão nessa idade são as mais procuradas pelas famílias. Tanto é que no Estado há somente quatro que ainda não foram para um lar permanente.

Na tentativa de Maria ser adotada, houve contato da Justiça Estadual com 14 pessoas que se enquadravam em requisitos já informados para adotar uma criança nessas condições. No entanto, por ser uma criança com vários problemas de saúde, não houve homologação do processo porque todos rejeitaram a situação.

O caso da bebê ganhou repercussão estadual e em outras regiões, e mais de 300 e-mails chegaram a ser enviados para a Justiça Estadual requerendo a guarda. Todo esse caso ocorreu neste mês, e a Vara da Infância em Corumbá analisa um pedido em específico para tentar dar um desfecho feliz, ainda sem data definida para ocorrer. Maria não tem previsão de sair do CTI.

PROJETO PADRINHO

Atuante nas casas de acolhimento em Corumbá e Ladário, região que tem quatro unidades e para onde Maria pode ser encaminhada caso não seja adotada, Wilson da Silva Maria explicou que o dia a dia no local envolve muita dedicação, superação de problemas e empatia.

O profissional de educação e assistente do projeto Padrinho atua para garantir que as crianças que vivem no abrigo possam receber apoio cultural, religioso, financeiro e afetivo por meio do projeto. Nesses casos, a grande maioria é de adolescentes entre 14 e 16 anos e maiores de 16 anos.

Nessa faixa de idade há menor tendência para adoção, haja vista que mais de 40% dos jovens que podem ser adotados estão nessas idades (18 adolescentes entre 14 e 16 anos e o mesmo número de jovens acima dos 16 anos).

No projeto Padrinho, diferentes pessoas podem auxiliar com oferecimento gratuito de serviços – odontológico, psicológico, médico, entre outros. Ou também dar acompanhamento afetivo, visitando a criança ou o adolescente, levando o apadrinhado para passear e até pousar na casa nos fins de semana. Todo esse procedimento envolve a análise de muitos critérios.

“A casa de acolhimento existe para atuar como proteção. Quando essas crianças e jovens estão lá, ficam sob a tutela do Estado. A gente tenta levar para essas crianças o conforto que for possível. Elas são levadas de carro para a escola, passam por acompanhamento psicológico e consulta médica. Tentamos buscar profissionais que sejam parceiros”, contou Wilson Maria, como é conhecido.

PROCESSO DE ADOÇÃO

De acordo com o juiz titular da Vara da Infância de Corumbá, Maurício Miglioranzi, que conduz o caso da bebê Maria, o processo de adoção envolve uma série de critérios para garantir o bem-estar do jovem.

“Os fatores são imensamente variáveis, mas o processo de habilitação leva em torno de seis meses. O estágio de convivência com o adotando tem prazo de 90 dias. Dentro desses períodos, temos a questão do perfil definido pelo pretendente: perfis mais amplos chegaram a adotar em menos de um ano; perfis mais restritivos alcançam em torno de dois anos”, detalhou.

Toda essa questão da adoção, mas principalmente a reflexão sobre a vida dessas crianças e adolescentes, que acabam sendo afastados forçosamente do convívio e afeto que uma família pode oferecer, recebe uma sinalização mais aguda neste dia 25 de maio. A data refere-se ao Dia Nacional da Adoção desde a lei decretada em 2002.

SAIBA

Nos telefones (67) 3317-8680/(67) 3317-8685, da Coordenadoria da Infância e Juventude, é possível obter detalhes sobre adoção e como funciona o apadrinhamento em diferentes cidades de MS.

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