Com a inflação nas alturas, o endividamento das famílias bateu recorde de 77,7% das famílias no mês de abril. Em março deste ano, o país atingia 77,5% de lares endividadas; em fevereiro, o percentual era de 76,6%. Os dados são da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Os dados também trazem informações sobre o nível de comprometimento da renda do consumidor com dívidas, contas e dívidas em atraso, e sua percepção em relação à capacidade de pagamento. Em março deste ano, o país atingiu 77,5% de famílias endividadas; em fevereiro, o percentual era de 76,6%.
O resultado representa um avanço de 0,2 ponto porcentual (p.p.) ante março. Em relação a abril de 2021, quando a parcela de endividados estava em 67,5%, a alta foi de 10,2 pontos porcentuais.
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“A gente chegou a maior proporção da alta de endividamento dos últimos meses desde o ano passado. Temos um recorde e, em abril, chegamos a esse 77,7% de famílias endividadas. De fato, representa cerca de 12 milhões de brasileiros. Cada vez estamos tendo um maior número de endividados. Quando você tem uma dívida e renegocia, você acaba aumentando o seu endividamento”, comenta a economista Izis Ferreira, da CNC.
Uso do cartão de crédito
O cartão de crédito se manteve como o tipo de dívida mais comum entre os consumidores, única modalidade com aumento em abril, alcançando 88,8% de famílias com dívidas. Em abril, o tempo médio de comprometimento das famílias com dívidas foi de 7,1 meses.
Na avaliação por faixa de renda, o percentual de endividados entre as famílias mais ricas, com rendimentos acima de 10 salários mínimos mensais, subiu a 74,5%, maior patamar da série histórica, com alta de 0,8 ponto porcentual em relação a março e expansão de 11,4 pontos porcentuais ante abril de 2021.
No grupo com renda mais baixa, até 10 salários mínimos mensais, a fatia de endividados chegou ao nível recorde de 78,6%, subindo 0,1 ponto porcentual em relação a março e 10 pontos porcentuais ante abril de 2021.
Encolhimento do poder de compra
Quanto à inadimplência, 31,9% das famílias de renda mais baixa estão com contas em atraso. No grupo de renda mais elevada, 13,5% estão inadimplentes.
Segundo a economista Izis Ferreira, da CNC, a alta da inflação e o encolhimento no poder de compra fizeram os brasileiros recorrerem ao cartão de crédito. “A inflação alta, persistente e disseminada (IPCA em 11,3% ao ano) mantém a necessidade de crédito para recomposição da renda. Nos dois grupos de renda, o endividamento no cartão de crédito vem crescendo. A modalidade do crédito é a preferida dos brasileiros. A gente mostrou na pesquisa que 88,8% das famílias brasileiras estão com dívidas no cartão de crédito. Nunca tinha tido uma alta tão expressiva. A segunda modalidade são os carnês de loja, que também são uma forma de endividamento mas não se compara com a proporção de cartão de crédito.”
A sondagem é realizada mensalmente e tem como objetivo orientar os empresários do comércio de bens, serviços e turismo que utilizam o crédito como ferramenta estratégica, e permite o acompanhamento do perfil de endividamento do consumidor.