Uma das principais bases de apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL), os policiais federais estão insatisfeitos com a sinalização de que o chefe do Executivo não cumprirá a promessa de reestruturação da corporação e de que incluirá a categoria no reajuste linear do funcionalismo, de 5%, considerado insuficiente por eles. Na semana passada, houve manifestações em vários estados para pressionar o Planalto.
Policiais estavam na expectativa de que os R$ 1,7 bilhão reservados no Orçamento da União fossem destinados ao reajuste salarial da categoria — agentes federais, rodoviários federais e penitenciário. Bolsonaro sinalizou dessa forma diversas vezes, mas recuou diante de protestos dos demais servidores públicos e resolveu dar um aumento único para todos.
Na última sexta-feira, a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapfe), avisou, em nota, que os agentes “não receberão esse duro golpe calados”. “Em diferentes governos, a Polícia Federal conquistou avanços institucionais importantes. O atual governo, no entanto, se posiciona como exceção, fragilizando a instituição”, diz o comunicado da entidade, que reúne delegados federais, policiais e peritos criminais. De acordo com a Fenapfe, um eventual cancelamento da reestruturação para a categoria seria “grave e inadmissível”.
Vice-líder do governo na Câmara, Aluisio Mendes (PSC-MA) afirmou que, assim como outros integrantes da PF no Congresso, travou uma “dura batalha” para manter os R$ 1,7 bilhão no Orçamento. “Fomos surpreendidos com essa decisão. Conversei com o presidente, e ele disse que ainda não tinha tomado decisão de aumento linear, mas estamos preocupados com isso. Se acontecer, vai ser, sem dúvida, uma quebra de compromisso do presidente com a base oficial, com os policiais federais que compõem uma forte base de apoio, que foi muito importante há quatro anos”, ressaltou, em referência às eleições de 2018.