Vereador é um dos alvos de operação na fronteira

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O vereador Marcos Bello Benites, alvo de operação hoje em Ponta Porã. (Foto: Divulgação)

O policial civil aposentado e atual vereador Marcos Bello Benites (PSDB) é um dos investigados na “Operação Codicia”, deflagrada hoje (25) pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) em Ponta Porã, a 313 km de Campo Grande, na fronteira com o Paraguai.

O Gaeco não divulgou os nomes dos alvos da operação, que apura cobrança de propina para liberação de veículos apreendidos e até desvio de droga do depósito da polícia. Entretanto, o Campo Grande News conseguiu confirmar a identidade de nove investigados.

Casado com uma escrivã da Polícia Civil, Marcos Bello Benites foi alvo de mandado de busca e apreensão. Durante as buscas na casa dele, os agentes do Gaeco encontraram uma pistola calibre 380 registrada em nome do vereador.

O registro estava vencido, por isso, o dono da arma foi levado à delegacia para prestar depoimento. Segundo a polícia, a arma encontrada no guarda-roupa do quarto do casal estava sem munição e travada. O registro vencido não configura crime, apenas problema administrativo.

Dinheiro apreendido durante operação hoje em Ponta Porã. (Foto: Divulgação)

Delegado afastado

O Campo Grande News também apurou que entre as medidas judiciais cumpridas na operação de hoje, está o afastamento do delegado Patrick Linares da Costa, chefe da 2ª Delegacia de Ponta Porã. Ele prestou depoimento na Corregedoria em Campo Grande.

Colegas de Patrick Linares ouvidos pela reportagem acreditam que ele tenha entrado na lista de investigados por chefiar a delegacia onde há policiais envolvidos nos crimes.

Advogado, professor universitário e estudioso do Direito, o delegado foi aprovado em concurso para juiz substituto do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. A posse está prevista para os próximos dias. A reportagem não conseguiu contato com o delegado.

Outros nomes

Além do vereador e do delegado, a reportagem apurou que outros investigados são Adriana Jarsen, Jonathan Pontes Gusmão, Mauro Ranzem, Márcio André Molina, Rogério Insfran (perito), Valdinei Peromalle e a escrivã aposentada identificada apenas como Doelza.

Adriana e Valdinei são escrivães aposentados. Jhonatan Gusmão e Doelza não estavam na cidade e, por isso, não teriam sido presos. O Gaeco não divulgou o balanço da operação, mas dinheiro em notas de dólar e real, além de armas e joias, foram apreendidos.

A operação

Segundo o Gaeco, agentes da ativa e aposentados são acusados de tráfico de drogas através do desvio de droga do depósito da polícia e cobrança de propina para liberar veículos apreendidos ou recuperados, principalmente caminhões. A operação recebeu o nome de “codicia”, que em espanhol significa “ganância”.

Os crimes atribuídos aos policiais são concussão (usar o cargo público para obter vantagem indevida), peculato (se apropriar ou desviar bem público) e tráfico de drogas. Segundo o Gaeco, os crimes ocorreram nas delegacias de Polícia Civil de Ponta Porã.

As investigações começaram em maio de 2021 após policiais da 2ª DP cobrarem propina para devolver às vítimas uma carreta tomada em assalto e recuperada pela PRF (Polícia Rodoviária Federal). Parte do pagamento foi feito por Pix, o que ajudou a comprovar o crime.

Conforme o Gaeco, a investigação comprovou que a associação criminosa formada por policiais aposentados e da ativa se utilizava das delegacias da cidade para obter vantagens indevidas, especialmente relacionadas a veículos apreendidos.

O grupo também é acusado de tráfico. A droga comercializada era retirada do depósito da Polícia Civil por um escrivão e repassada aos comparsas para a revenda.

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