Ucrânia pede cessar-fogo em negociação com a Rússia

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A Ucrânia entrou nesta segunda-feira (28/02) no quinto dia de invasão russa — com representantes de Kiev e Moscou reunidos em Belarus para discutir um acordo de paz entre os dois países.

É a primeira vez que eles se reúnem desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, na última quinta-feira (24/02) — mas as expectativas não são altas.

Antes da reunião, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que seu país queria um cessar-fogo imediato e a retirada das tropas russas do território ucraniano.

O Kremlin afirmou, por sua vez, que não anteciparia sua posição — os negociadores russos falaram apenas em fechar um acordo que seja do interesse de ambos os lados.

Mas o próprio Zelensky havia dito mais cedo não acreditar que as discussões produzam resultados. E declarou que as “próximas 24 horas serão cruciais” para o país.

Apesar das tropas russas estarem posicionadas a apenas 30 km da capital Kiev, a principal cidade do país ainda permanece nas mãos da Ucrânia.

O toque de recolher de dois dias na cidade foi suspenso na manhã desta segunda-feira, quando milhares de pessoas puderam deixar seus abrigos subterrâneos, como porões e estações de metrô.

Mas meia hora depois, as sirenes de ataque aéreo soaram, e elas precisaram voltar correndo.

A cidade de Chernihiv, no nordeste, enfrentou fortes bombardeios das tropas russas durante a noite — e um edifício residencial foi atingido por um míssil. A cidade permanece, no entanto, sob controle ucraniano.

Também foram registradas explosões nesta manhã em Kharkiv, no leste do país, onde dezenas de civis foram mortos e centenas ficaram feridos, segundo as autoridades ucranianas.

Anton Herashchenko, conselheiro do ministro do Interior de Kiev, escreveu no Facebook que as tropas de Moscou bombardearam áreas residenciais com mísseis Grad.

Não é possível dizer neste momento exatamente quantos civis foram mortos até agora. A chefe de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Michelle Bachelet, informou mais cedo que pelo menos 102 civis morreram, e outras 304 pessoas ficaram feridas.

“A maioria destes civis foi morta por armas explosivas com uma ampla área de impacto, incluindo bombardeios de artilharia pesada e sistemas de multilançamento de foguetes e ataques aéreos. Os números reais são, eu receio, consideravelmente mais altos”, afirmou Bachelet.

O ministro da Defesa, Oleksii Reznikov, disse que mais de 100 mil ucranianos se alistaram nas forças armadas.

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Fumaça é vista nos arredores de Kiev após bombardeio à cidade no domingo (27/2 (Foto: MYKHAILO MARKIV/REUTERS)

O Conselho de Segurança da ONU tem uma reunião de emergência marcada para esta segunda-feira para discutir o conflito na Ucrânia.

Em paralelo, a União Europeia está tomando a medida sem precedentes de enviar armas para a Ucrânia, fechar o espaço aéreo para aeronaves russas e proibir os meios de comunicação estatais russos.

O rublo, a moeda russa, despencou, por sua vez, para uma nova mínima em relação ao dólar após as severas sanções impostas ao país.

Confira abaixo os principais da acontecimentos da véspera (27/02):

No fim do quarto dia de conflito na Ucrânia, o Estado-Maior General das Forças Armadas do país afirmou, por meio do Facebook, que o domingo (27/2) foi “difícil” para os soldados e que as tropas seguiam sendo “alvo de bombardeios em quase todas as direções”.

Relatórios sinalizam que militares russos tomaram a cidade de Berdyansk, no sul do país. Em Kharkiv, contudo, a segunda maior cidade ucraniana, o governo local declarou que os militares conseguiram recuperar o controle após ataque de tropas russas.

Em um post no Telegram, Oleh Synyehubov escreveu: “Controle sobre Kharkiv é totalmente nosso! As forças armadas, a polícia e as forças de defesa estão trabalhando e a cidade está sendo completamente varrida do inimigo”.

A situação permanece fluida e é difícil verificar de forma independente quem está controlando a cidade de fato. Alguns civis também disseram à BBC que Kharkiv está sob controle ucraniano e que o conflito nas ruas está diminuindo.

Também no domingo, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que está colocando as forças nucleares do país em alerta máximo. E o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, aceitou um convite para enviar uma delegação diplomática para conversar com os russos na fronteira com Belarus (leia mais sobre esses anúncios clicando aqui).

O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, chegou a dizer que a capital estava “cercada” por tropas russas e que a retirada de civis da cidade era um desafio porque todas as rotas de saída estavam bloqueadas.

Após a repercussão da entrevista, dada à agência de notícias AP, Klitschko escreveu em um post no Telegram não ser aquela a situação: “Publicações russas na internet espalham informações atribuídas a mim de que Kiev está supostamente cercada e a evacuação de pessoas é impossível. Não acreditem em mentiras! Confie apenas em informações de fontes oficiais”.

A capital seguiu sob toque de recolher e a maioria da população procurou abrigo em porões e estações de metrô.

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