Corumbá (MS)- O receio de serem pegos pela Polícia Federal, durante a realização das ações ilegais para compra de votos nas eleições municipais de Corumbá em 2020, era uma das preocupações dos servidores comissionados nomeados pelo Prefeito Marcelo Iunes.
As irregularidades ficaram evidentes ao serem flagradas no aparelho celular apreendido pela PF com um dos envolvidos nas investigações, deixou clara a forma como o grupo agia, bem como as recomendações para que provas das irregularidades fossem apagadas.
No entanto a perícia policial teve acesso ao conteúdo que foi integralizado à investigação. Durante conversa de um dos assessores de Marcelo Iunes, um servidor do alto escalão da Prefeitura, fala em enviar dinheiro à duas pessoas e logo em seguida, orienta o servidor a apagar a conversa do seu telefone e repassar a mesma orientação para um terceiro indivíduo.
Também em relação aos exames médicos custeados com recursos públicos através de um contrato com laboratório que está em nome do irmão do prefeito, e concedidos a seletos eleitores em troca de votos, o secretário municipal alerta o servidor.
“É (nome do servidor), some com aquele carimbo da Citolab la de você amanhã, tá?”
Mas foi em uma conversa entre dois assessores da prefeitura que comentavam sobre a foto enviada por um deles, onde continha uma grande tabela com nomes, telefones, números de títulos de eleitores que supostamente integravam a lista de pagamentos em compras de votos, que o medo de terem os atos ilegais descobertos ficou mais evidente.
Operação Mercês
A Operação Mercês, teve início a partir da apreensão do material em posse do servidor, realizada no período eleitoral, bem como o acesso ao conteúdo interno do aparelho celular do mesmo, após autorização judicial conceder a quebra do sigilo telefônico do investigado.
O conteúdo revelou que além da suspeita de um esquema de compra de votos direto em favorecimento de aliados do chefe do poder executivo, existem fortes indícios materializados, quanto a criação de uma verdadeira organização criminosa que se utiliza da máquina pública para beneficiar pacientes em busca de tratamento médico, fornecendo à eles, acesso privilegiado ao atendimento público de saúde, em troca de fidelidade eleitoral aos candidatos que fazem parte de uma base política e que atuam em favor do atual administrador municipal.