A Petrobras acaba de anunciar novos reajustes nos preços dos combustíveis nas refinarias, de 9,5% no diesel e de 7% na gasolina, mas analistas alertam que os aumentos não vão parar por aí. Essa é a segunda elevação de preços no mês e ocorre em meio à ameaça de greve dos caminhoneiros em novembro.
Conforme o comunicado feito pela estatal, nesta segunda-feira (25/10), os novos preços passam a valer a partir de amanhã. O valor médio do litro da gasolina será elevado de R$ 2,98 para R$ 3,19, alta de R$ 0,21. No caso do diesel, o litro subirá de R$ 3,06 para R$ 3,34, o que representa reajuste de R$ 0,28. Nas bombas, é certo que os preços da gasolina passarão de R$ 7 em quase todo o Brasil.
A forte desvalorização do real frente ao dólar na semana passada agravou o quadro para o consumidor. A moeda norte-americana disparou devido ao aumento da desconfiança de investidores em relação ao governo, que sinaliza claramente que descumprirá o teto de gastos para medidas eleitoreiras, na contramão da promessa de fazer um ajuste fiscal e preservar as regras vigentes, dando pedaladas em dívidas judiciais para abrir espaço a emendas de parlamentares do Centrão. Mas o reajuste anunciado pela Petrobras não corrige a defasagem nos preços dos combustíveis, que alcança 20% em média.
De acordo com levantamento feito pelo Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), com base na atualização do preço médio do último dia 18, o litro do diesel na refinaria nacional ficou em R$ 0,76/ litro, ou 19,7%, abaixo do preço negociado no Golfo do México, nos Estados Unidos. Conforme a entidade, o resultado deve-se ao aumento de 0,7% no preço internacional do diesel, somado ao aumento de 0,1% na taxa de câmbio (R$/US$), com relação à semana anterior (11/10). Não houve ajustes no preço de refinaria doméstico do diesel na semana em análise.
Pelas estimativas do CBIE, o preço da gasolina doméstica ficou R$ 0,82/litro (ou 21,6%) abaixo do preço no Golfo do México (EUA), em 18 de outubro. O resultado teve influência da elevação de 3,1% no preço internacional da gasolina, com relação à última semana, e da variação da taxa de câmbio, citada acima. O preço de refinaria nacional da gasolina, também, não foi ajustado, na semana em análise”, destacou o relatório.
Ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, ontem, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que o governo federal não vai interferir nos preços da Petrobras e antecipou o novo reajuste de preços. “Alguns querem que a gente interfira no preço. A gente não vai interferir no preço de nada. Já foi feito no passado e não deu certo. Infelizmente, pelo número do preço do petróleo lá fora e do dólar aqui dentro, nos próximos dias, a partir de amanhã, infelizmente, teremos reajustes nos combustíveis”, afirmou.
De acordo com o economista e especialista em contas públicas Murilo Ferreira Viana, essa defasagem “subiu bastante” devido a essa combinação entre dólar e preço internacional do petróleo. “Com essa defasagem, os reajustes devem perdurar”, alertou.