Homenagear seus entes queridos após a morte os levando aos locais que mais gostavam em vida é algo comum entre quem decide pela cremação ao invés de um sepultamento convencional. Muitos decidem depositar cinzas dos familiares em uma montanha ou a despejam no mar. A despedida do Professor José Carlos Cruz, entretanto, foi uma prova de amor a um dos biomas mais ricos do planeta, o Pantanal sul-mato-grossense.
Paulista de nascimento, mas com o coração apaixonado por Corumbá em Mato Grosso do Sul, José Carlos faleceu dormindo, no dia 14 de dezembro de 2020, aos 95 anos de idade. Teve seu último desejo confidenciado à sua nora e realizado pelo filho, João Carlos Cruz que junto ao amigo Marcelo Lord, viajou mais de 1.600 quilômetros do interior de São Paulo até Corumbá, para depositar as cinzas do corpo de seu amado pai.
“São exatamente sete meses da sua partida, sua missão cumprida! Hoje você retorna ao lugar que tanto amou, onde tantas aventuras viveu e quantas histórias! Seu desejo foi realizado. Corumbá será sua eterna morada, pois em seu peito bateu um coração pantaneiro. Descanse em paz, sempre te amaremos”, escreveu em sua página da rede social.
João explica que o pai era um apaixonado pela Cidade Branca, lugar que há mais de 50 anos era frequentado por ele e sua família.
“Ele vinha para cidade de Corumbá há mais de 50 anos, pescar e admirar essa natureza, muitas excursões vindas do Vale do Paraíba, outras da nossa cidade Jacareí-SP, que papai adora fazer. Seu amor foi tanto pelo Pantanal que solicitou para minha esposa, pouco antes de morrer, que suas cinzas fossem postas às margens do Rio Paraguai aqui em Corumbá, hoje seu desejo foi realizado”, afirmou.
A frequente presença na Capital do Pantanal rendeu a José Carlos, muitas amizades que com o passar do tempo passou a fazer parte da sua vida e às deles também. E foi cercado por parte desses inúmeros amigos corumbaenses que no último dia 15 de julho, em uma cerimônia simples, mas cheia de emoção, que o Professor de coração pantaneiro foi sepultado, às margens do Rio Paraguai, em uma propriedade em frente ao emblemático farol Balduíno, cumprindo assim o seu último desejo.
A cerimônia contou com a presença de um capelão, do filho João Carlos e amigos, entre eles, a família Nader, proprietários da La Barca, embarcação que por muitas vezes foi a locomoção que levou o professor pantanal a fora.
“Ficamos muito honrados e ao mesmo tempo emocionados com essa homenagem prestada à nossa cidade. Seu José Carlos era um amigo querido, apaixonado pelo Pantanal sempre presente nas excursões para nossa cidade, nos sentimos sensíveis e muito honrados em ajudar seu filho primogênito nessa missão de realizar seu último desejo”, disse Nágila Nader.