Que os golpistas estão cada vez mais espertos não é novidade, mas à medida que novos tipos de estelionatos são descobertos pela polícia, eles encontram um jeito de aprimorar a abordagem às vítimas. O golpe da moda é o Pix agendado, quando o estelionatário diz pagar por um bem ou serviço, mas durante a transferência “errou” ao agendar o pagamento para o dia seguinte. Nesses casos, o dinheiro nunca chega na conta.
Criado para transferência imediata e sem taxas bancárias adicionais, o Pix prometia que os usuários de bancos pelos aplicativos transferissem dinheiro imediatamente, fora do horário comercial – incluindo finais de semana e feriados – e sem as taxas cobradas pelo DOC e TED. Pensando dessa forma, não faz muito sentido aceitar uma transação pelo Pix que não caia na conta instantaneamente.
É o que explica o delegado Juliano Cortez, da 2ª Delegacia de Polícia de Ponta Porã, e ex-titular da Devir (Delegacia de Crimes Virtuais), em referência às vítimas do novo tipo de golpe. “Eu não entendo como pode um Pix ser agendado. Qual é a justificativa para se permitir? Vai contra a natureza da própria transferência, que surgiu para ser imediata”, questiona.
Ainda conforme o delegado, a norma do Banco Central estabelecia como facultativa a permissão do Pix agendado por meio dos bancos. Recentemente, a determinação foi revogada de forma que, num futuro próximo, todas as instituições financeiras permitirão o agendamento do Pix. Segundo ele, por enquanto, nem todos os bancos aceitam cancelamento, como, por exemplo, Santander, Caixa Econômica, Bradesco e Banco do Brasil.
Como funciona o golpe
O delegado explica que o golpe pode acontecer de diversas formas. Entretanto, a mais comum é os bandidos utilizarem a mesma “técnica” do “golpe da OLX”, onde uma pessoa manda o comprovante de TED ou DOC falsificado, com transação agendada para, geralmente, o próximo dia e alega não poder fazer a transferência novamente. “É comum o golpista comprar algo e dizer ‘sem querer agendei para manhã, mas não posso cancelar’, e a pessoa acaba entregando o produto”, afirma Cortez. O mesmo acontece com o Pix.
Além disso, a falta de padronização entre os bancos que permitem o cancelamento do agendamento é outro problema enfrentado na hora de receber o dinheiro de volta. Segundo as diretrizes do Banco Central, o Pix pode ser cancelado enquanto não for iniciado, ou seja, até a data de agendamento, quando há efetiva transferência do dinheiro. Contudo, nem todos os bancos permitem isso, segundo o delegado. “O nubank, por exemplo, não tem essa opção. Já o Sicredi permite o cancelamento. Isso deixa o cidadão sem saber como de fato essa operação acontece”, afirma o delegado.
Cuidados para se prevenir
A recomendação do delegado é clara e simples: só confie no dinheiro em conta. O alerta também serve para a data da aprovação do pagamento que consta no comprovante, ou seja, ela deve ser do dia em que foi feita a negociação, uma vez que o Pix é um modelo de transferência imediata. A dica é aguardar para fechar a venda – e principalmente entregar o produto – somente após o recebimento do valor em conta.
Caso você perceba que caiu em um golpe, contate imediatamente o seu banco e registre um boletim de ocorrência na Polícia Civil, que pode ser feito, em Mato Grosso do Sul, pela Delegacia Virtual – acesse o site clicando aqui.