Corumbá (MS)- Um documento interno emitido pelo Comitê de Operações de Emergência em Saúde Pública de Corumbá, e destinado ao prefeito Marcelo Iunes, que recomenda medidas mais severas para enfrentamento da covid-19, acabou vazando em grupos da internet nesta segunda-feira (31).
A reportagem do Folha MS confirmou a autenticidade do documento que seria, segundo as informações, uma comunicação interna com informações para auxiliar o chefe do executivo corumbaense nas tomadas de decisões referente ao controle da doença.
A redação é datada do dia 31 de maio, e reforça a preocupação com o avanço da doença na cidade que em apenas uma semana registrou 308 novos casos positivos, 45 internações e obteve 11 óbitos. Segundo o documento, este é o pior momento registrado pela saúde de Corumbá nas últimas cinco semanas.
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As recomendações levam em conta ainda o fato a sobrecarga a que está sendo submetido o já convalescente sistema de saúde municipal conforme anunciado também nesta segunda-feira pelo próprio presidente que administra a junta-interventora da Santa Casa de Corumbá. Pela primeira vez desde o início da pandemia, a unidade apresenta fila de espera de pacientes para leitos em UTI.
Apesar de ser justificada apenas como um documento auxiliar ao prefeito, parte da recomendação apresenta o relatório nitidamente como uma recomendação:
“Vimos por meio desta, solicitar a V. Excelência, a reavaliação das medidas restritivas do município, com extrema urgência, objetivando a diminuição da circulação de pessoas e aglomerações, para que se possa frear a disseminação viral e, consequentemente permitir que o sistema de saúde consiga absorver as demandas existentes, e ainda, que os mesmos possam ser oferecidas ao cidadão em momento oportuno, prevenindo o agravamento dos casos e preservando a vida”, aponta a recomendação assinada pelo presidente do Comitê de Operações de Emergência em Saúde Pública que é o próprio secretário municipal de saúde Rogério Leite.
Entre as solicitações apontadas para o que chamou de preservação da vida está:
- Instituição do toque de recolher às 20 horas
- Fechamento de bares e restaurantes, autorizados somente o funcionamento delivery
- Suspensão de cultos e atividades religiosas
- Suspensão de aulas presenciais
- Suspensão de feiras livres
- Fechamento de serviços não essenciais de alto risco, como clube sociais, balneários, boliche, sinuca e similares, visitação a atrações turísticas e culturais, áreas comuns de condomínios, cabeleireiros, barbearias, salões de beleza e afins
- Proibição de realização de festas em salões e todo e qualquer evento que tenha mais de 30 pessoas
- Facultar a adoção de trabalho Home Office para empresas e instituições que desenvolvam serviços não essenciais, conforme descritivo no Programa Prosseguir;
- A não realização de eventos não recomendados pelo Programa Prosseguir, como eventos culturais, esportivos e de lazer, festividades e celebrações, velórios, cursos e capacitações
- Interdição efetiva da orla e Prainha do Porto geral, com ronda presencial aos finais de semana em locais com potencial de ocorrência de aglomeração como os anteriormente elencados
- Manutenção de suspensão de eventos/festas, funcionamento de casas noturnas, tabacarias e afins;
- Intensificação da fiscalização do cumprimento do decreto, principalmente aos feriados e finais de semana;
As medidas seriam adotadas pelo prazo mínimo de sete dias, principalmente em virtude do feriado de Corpus Christi comemorado no dia 03 de junho. As reavaliações, segundo o documento da manutenção ou não das medidas seriam realizadas semanalmente.
Apesar do documento dar ciência ao chefe do executivo sobre a gravidade do atual momento decorrente da pandemia do novo coronavírus em Corumbá, até a publicação desta matéria nenhuma das medidas recomendadas pelo comitê foram implementadas ou anunciadas pela prefeitura de Corumbá.