Corumbá (MS)-A unidade do Incra em Corumbá pode deixar a cidade. O órgão federal é responsável hoje por atender diretamente 1.061 famílias de assentados que ainda não conseguiram a posse definitiva da área. Além disso, ribeirinhos e posseiros também dependem do serviço do Incra para regularização de áreas. Caso a unidade seja desativada no município, quem depende de serviços precisará viajar mais de 800 quilômetros, entre ida e volta, e recorrer à Superintendência em Campo Grande.
Conforme assentados que fizeram protesto na manhã desta terça-feira (3) na frente do prédio do Incra em Corumbá, a previsão de desativação do serviço é em até 45 dias. Esse desmonte já ocorreu no Estado, quando o Incra em Jardim foi desativado no ano passado depois de curta notificação oficial.
O grupo que realizou protesto está trabalhando para reunir 500 assinaturas em abaixo-assinado para ser enviado à Brasília. O documento pedirá para que a unidade não seja fechada. Esse movimento acontece sem apoio do governo municipal de Corumbá, que não ofereceu interlocução.
Somente em assentamentos que não há ainda documentação de título e por isso os agricultores dependem do Incra são: Tamarineiro 2 Sul há 323 famílias; Taquaral são 394 famílias; São Gabriel são 272 famílias; Paiolzinho são 72 famílias.
No Incra em Corumbá ainda existem cerca de 3 mil processos parados para regularização de áreas. Alguns desses processos tramitam há pelo menos 20 anos. Na unidade existem quatro funcionários, sendo que atualmente dois estão afastados, um está em home-office e apenas um faz atendimento presencial. Ainda existe uma funcionária terceirizada.
“Algumas vezes, eu tive que vir de três a quatro vezes aqui no Incra para resolver documentação. Quem não tem a posse, depende deles para certidões, documentação, comprovação de alguns pedidos. Já pensou se isso for acontecer (de o Incra sair de Corumbá)? Em Campo Grande a gente não vai ter como fazer isso. E tem muito assentado que nem veículo tem. A gente já passa dificuldade para levar nossos produtos da propriedade para a cidade, ter que viajar é demais”, apontou José Messias da Silva, 49 anos, assentado no Tamarineiro 2 Sul há 13 anos.
Odair da Silva, 52 anos, mora no Paiolzinho há 16 anos e também reconhece que a saída do Incra de Corumbá acarretará em diversos problemas e dificuldades para os assentados e ribeirinhos.
“Nós iremos perder muito mesmo. A verdade que o pessoal assentado está cada vez mais esquecido. Não existe uma política que está nos apoiando”, reconheceu.
Dorival Canavarros dos Santos, chefe da unidade do Incra em Corumbá, explicou que ainda não existe notificação oficial sobre o fechamento da unidade. Porém, reconheceu que a definição sobre o fim das atividades na cidade pode ser notificada a qualquer momento, pois não existe obrigação de comunicar medidas com muita antecedência.
*Conteúdo do resumo da matéria editado às 18h31 para correção de informação sobre funcionamento da Agenfa que permanece a ser realizado em Corumbá de segunda a sexta-feira das 07h30 às 17h30