Irmão de Marcelo Iunes foi flagrado pela PF em “coleta e distribuição” de Propina da Prefeitura de Corumbá

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Irmão de Marcelo Iunes e ex-secretário de segurança pública foram monitorados em pelo menos 1
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  • Post publicado:26 de outubro de 2020
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A Polícia Federal monitorou Márcio Iunes, irmão do prefeito de Corumbá, Marcelo Iunes (PSDB), em viagens a Campo Grande e reuniões na casa dele que seriam, segundo as investigações, flagrantes de ‘coleta e distribuição’ de propina paga pela gráfica rápida da Capital que foi contratada pela Prefeitura até para fazer manutenção de cemitérios.

É o que apontam documentos da Operação Offset, deflagrada em 6 de outubro com mandados em Corumbá e Campo Grande. Segundo a Polícia Federal, o irmão do prefeito viajaria para a capital de MS, a 433 quilômetros de Corumbá, sempre em datas que coincidem com os pagamentos da Prefeitura e com saques nas contas da empresa.

Na capital, a Polícia Federal flagrou um dos encontros de Márcio Iunes com Alexandre Frozino, apontado no inquérito como verdadeiro dono da Gráfica Solux. Em Corumbá, os policiais monitoraram uma das reuniões na casa do irmão de Marcelo Iunes que serviram, segundo o relatório da PF, para ‘dividir’ a propina.

Outros servidores da gestão de Marcelo Iunes estão implicados na investigação do suposto esquema de desvio e propina na Prefeitura de Corumbá.

‘Carteirada e nervosismo’ nas viagens para coletar propina

Edson Panes de Oliveira, advogado e ex-secretário de Segurança Pública de Iunes, acompanhava Márcio como uma espécie de ‘batedor’ que supostamente tentava facilitar a passagem por eventuais barreiras policiais na base da ‘carteirada’. Edson agora é assessor especial no gabinete de Marcelo Iunes.

Além disso, o secretário de Infraestrutura de Corumbá, Ricardo Campos Ametlla, que cuida dos contratos municipais, também foi flagrado pela Polícia Federal nas reuniões monitoradas pela investigação.

Um trecho dos documentos narra que, em maio de 2020, Márcio e Edson chegaram a ser parados pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) a pedido da PF, a caminho de Corumbá, após retornarem de Campo Grande.

Na ocasião, Edson de imediato apresentou a carteira da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), enquanto Márcio ‘demonstrou nervosismo’. No entanto, abordagem não teria notado nada de anormal e realizou apenas revista veicular, sem revista pessoal.

O relatório concluiu que a participação de Edson tem indício de que ele se valeria da função de Secretário de Segurança Pública para evitar revistas quando do retorno à Corumbá, com a propina paga pelas empresas devidamente recolhidas, com direito até a “carteiradas”.

Rep IP RE0077
(Fonte: IPJ-Polícia Federal)

Dinheiro armazenado e apartamento chique na Capital

Numa dessas viagens, em 16 de julho de 2020, a investigação confirmou encontro entre Márcio Iunes, Edson Panes e o empreiteiro Alexandre Frozino. A empresa dele foi alvo e até nomeou a Operação Offset, pois desde 2017 firmou contratos que somam R$ 7,5 milhões com a Prefeitura de Corumbá por serviços que incluíam até limpeza de cemitérios.

“As circunstâncias deste encontro revelam, com um grau de probabilidade alta, que teve como finalidade o recebimento de dinheiro em espécie. A bolsa de ombro que Edson carregava quando da chegada ao apartamento de Márcio [em Campo Grande, na noite de 16 de julho de 2020] ocasião em que estava acompanhado por este último [Márcio Iunes] e por Frozino, pelas circunstâncias, muito provavelmente armazenava o dinheiro”, traz trecho do relatório.

Rep IP RE0079

As diligências também descreveram que, nesta ocasião, quando Marcio e Edson retornaram à Corumbá, deslocaram-se diretamente à casa de Márcio. Foi quando outras pessoas teriam chegado à residência, concomitantemente aos investigados, e passado pouco tempo, “indicando que teriam recebido parte, ou a totalidade, do possível dinheiro trazido de Campo Grande”.

Rep IP RE0078

Verba federal colocou PF no caso

No dia 23 seguinte, um dia após retornarem de uma segunda viagem para Campo Grande, as diligências também registraram encontros suspeitos na residência de Márcio em Corumbá, nas quais se verificaram a presença de Edson Panes, Ricardo Ametlla e de outros assessores municipais da Prefeitura.

O mesmo foi observado no dia 25 seguinte, quando a presença de Alexandre Frozino foi notada na mesma residência, acompanhado de Gustavo Kroll, responsável legal pela Solux. Assim, com base nas condutas consideradas suspeitas, foi instaurado o inquérito policial que levou à Operação Offset.

Dos R$ 7,5 milhões em contratos investigados, pelo menos R$ 2,2 foram financiados com o CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais) entre 2018 e 2020.

As empresas teriam pago propina financiada com o CFEM, contrapartida paga por mineradoras à União e repassada aos Estados e ao município sede, pela exploração dos recursos minerais.

Foi o uso de dinheiro da União, que colocou a Polícia Federal no caso. O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) é quem tem responsabilidade sobre investigações assemelhadas em casos que não envolvam dinheiro da União.

Com os mandados da Justiça Federal, foram apreendidos com os suspeitos celulares, computadores e mídias removíveis, além de pelo menos R$ 50 mil em dinheiro vivo. A Procuradoria-Geral de Corumbá disse que não havia tido acesso aos autos, e prometeu ficar ‘à disposição das autoridades para esclarecimentos’. Marcelo Iunes tenta a reeleição pelo PSDB.

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