Devido a pandemia do coronavírus, a pesca esportiva, um dos principais componentes do turismo em Mato Grosso do Sul, começa a retomar as atividades nos principais polos, garantindo empregos e girando a economia dos municípios. Destino mais procurado, Corumbá voltou a operar em julho com os barcos-hotéis que cumpriram as exigências sanitárias do Governo do Estado, prefeitura e da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Apesar das dificuldades de acesso – os voos comerciais estão suspensos, devendo retornar em dezembro, e a rodoviária municipal continua fechada -, a Capital do Pantanal retoma o serviço com otimismo. Os empresários estão apostando no retorno do turista sul-mato-grossenses e de outros estados com todo o aparato de biossegurança montado desde a chegada do visitante, de carro, até seu embarque no porto-geral.
Em Miranda, os pesqueiros e os barcos-hotéis também estão operando normalmente desde junho, o mesmo ocorrendo na região do 21, em Bonito. Em Aquidauana, a atividade pesqueira não sofreu interrupção: o setor se adequou aos protocolos sanitários e o turista é rastreado pela fiscalização. A modalidade está suspensa em Coxim, por decreto municipal. O mesmo ocorre em Porto Murtinho, onde operou até 1º de julho, com 40% da demanda.
“Estamos aguardando uma reunião para discutir com a prefeitura a reabertura da pesca, que estava suspensa até o dia 10”, informou Marco Antônio dos Santos, dono de pousada em Porto Murtinho. “Queremos no adequar às medidas de segurança para atender nossos clientes, que estão com reservas confirmadas para os próximos meses”, acrescentou o empresário.
Monitoramento diário
A pesca esportiva embarcada foi reabertura em 10 de junho em Corumbá, mas os empresários do setor optaram por retomar a atividade somente em julho, após um período de adaptação às normas rígidas da prefeitura e Anvisa, que estabeleceram um protocolo de 41 páginas. Joice Santana, uma das operadoras de turismo fluvial, disse que focou no treinamento dos seus funcionários para garantir um serviço seguro aos pescadores.
“Criamos uma estrutura de biossegurança que monitora os turistas desde o embarque no barco, com desinfestação de bagagens e monitoramento diário de temperatura corporal”. O turista também assina um termo que não está infectado”, explicou. “No barco, toda higienização é feita, desde os alimentos, com proteção acrílica nos bufês, e o pessoal da cozinha e atendimento com máscaras e luvas.”
Joice Santana está confiante no retorno da atividade, que havia sido suspensa em 14 de março por conta da pandemia. Segundo ela, o pior momento foi superado. “Tenho 104 funcionários e mantivemos os empregos, embora trabalhado com 40% do pessoal na ativa”, observa, acrescentando que recorreu ao socorro financeiro do governo federal a pequena empresa para pagar as folhas de abril e maio. “Ganhamos fôlego para reorganizarmos”, disse.
Junto com a pesca esportiva, outros segmentos do turismo em Corumbá começam a voltar à normalidade, como a rede hoteleira, que deve reabrir no fim deste mês. Sem o ônibus e o avião, a Estrada-Parque vem atraindo apenas turistas do Estado. “A pesca está movimentando mais”, afirmou João Venturini Junior, empresário, salientando que o maior fluxo no destino é de estrangeiros por conta do ecoturismo.
Pesca, ‘válvula de escape’
Por iniciativa da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur), o Observatório do Turismo de MS iniciou pesquisa junto aos pescadores esportivos cadastrados no Imasul (Instituto de Meio Ambiente de MS) com o propósito de investigar a intenção do sul-mato-grossense nas viagens de pesca nesse período de isolamento social para se conter a propagação do covid-19.
A pesca, por ser uma atividade ao ar-livre e sem aglomeração, torna-se uma válvula de escape para “fugir” do estresse, aponta o diretor-presidente da Fundtur, Bruno Wendling. Para tanto, ouvir o pescador é fundamental para o retorno responsável da atividade. Esta é uma das ações do Governo do Estado para tomadas de decisões e nortear os diversos segmentos na retomada dos negócios com segurança e minimizar os impactos.
“Buscamos conhecer o perfil de demandas e entender um pouco mais o comportamento do turista nesse retorno gradual das atividades”, explicou Bruno Wendling, lembrando que o Observatório do Turismo também realiza investigação junto aos observadores de pássaros e desenvolveu pesquisa de sondagem empresarial, com o objetivo de levantar os impactos da pandemia no setor e definir estratégias.