Dados da Secretária de Estado de Saúde revelam que 1547 profissionais da saúde em Mato Grosso do Sul são casos confirmados de coronavírus. Os números são alarmantes e mostram que os riscos existentes para os trabalhadores da linha de frente.
“São auxiliares técnicos e enfermeiros; médicos e fisioterapeutas. Desde colher material para o teste até o momento da alta hospitalar, são eles que estão diuturnamente em contato com os pacientes infectados, são eles também, os mais propensos a se contaminar e levar para fora do hospital a Covid-19”. É o que destaca a diretora-presidente do Hospital Regional, Rosana Leite de Melo. Na unidade hospitalar, que é referência no tratamento da pandemia, já são 29 profissionais infectados.
A preocupação é também do secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende. “Todos os dias eu afirmo que iremos colher o resultado do não cumprimento do isolamento social por parte da população sul-mato-grossense e agora estamos aqui com esta situação lamentável. Os heróis da saúde precisam da colaboração de todos e, por isso, não me canso de dizer: fiquem em casa para que quem precisa trabalhar nessa guerra consiga fazer isso com um pouca mais de tranquilidade”.
São vários protocolos adotados para que os profissionais da linha de frente não se infectem com o vírus. O Comitê Operacional de Emergência do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (COE-HRMS) disponibilizou para todos os colaboradores protocolos, manejos e instruções de trabalho referente ao enfrentamento a pandemia. “A preocupação com os colaboradores é grande, uma vez que, como escudos humanos, na linha de frente, são eles que fortalecem a barreira da Covid-19 dentro do Hospital. Esses colaboradores seguindo os protocolos podem evitar a contaminação, mas sempre existe um risco e o medo de ser contaminado”, reforçou Rosana.
Dos 30 colaboradores infectados do quadro funcional do HRMS, 22 são da linha de frente: dois fisioterapeutas, sete médicos, nove técnicos e um auxiliar de enfermagem, duas enfermeiras e um fonoaudiólogo. “Não temos como repor esses trabalhadores da linha de frente de forma tão rápida quanto a intensidade da doença. Vamos e sobrecarregar nossos colaboradores antes mesmo no sistema, que já se mostra bem próximo da nossa realidade. Se a população não colaborar, não praticar o isolamento social, usar máscaras e se proteger, vai faltar profissionais, leitos, respiradores e vamos perder muitas vidas humanas”, avalia a diretora-presidente do Hospital Regional.
Ainda de acordo com Rosana Melo, o Governo do Estado autorizou como plano de contingenciamento o aumento no número de horas extras para os profissionais de saúde, que passam de 60 horas por mês, para 90 horas.
Um dos profissionais necessários nessa pandemia para atuar na linha de frente, o fisioterapeuta, atua praticamente em todo processo da doença. Ele é o responsável pelo monitoramento do paciente que utiliza a ventilação artificial, bem como de sua recuperação durante e após o uso do ventilador mecânico.
O fisioterapeuta Renato Silva Nacer, presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da décima terceira região (Crefito13), relata que Mato grosso do Sul tem aproximadamente 10 profissionais da linha de frente infectados no Estado. Nacer afirma que hoje o profissional de fisioterapia precisa que a população proteja o profissional de saúde. “A prerrogativa de um conselho de classe é fiscalizar o exercício profissional para proteger a população. Hoje, nós precisamos que a população se cuide para proteger os profissionais da saúde que estão lá, ralando para salvar vidas”, enfatiza.
O Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul (Sinmed) traz outro dado preocupante: só em Campo Grande, 222 médicos que estão com a doença. O presidente da entidade, Marcelo Santana, apela pela conscientização da população. “A situação se agravou consideravelmente. Vários casos novos, isolamento muito baixo. Temos que ter distanciamento social mais responsável, novas restrições devem ser estabelecidas amplamente. No último final de semana a cidade estava funcionando normalmente, tudo lotado. É importante e necessário o apoio da população às medidas de prevenção e combate definidas pelo Ministério da Saúde e outras autoridades sanitárias. Deve haver um engajamento efetivo de toda a sociedade nessas ações de prevenção, devemos lembrar que todos corremos o risco, e fazer a nossa parte pode salvar a vida de muitos”, pontua.
Com os enfermeiros a situação também é alarmante, Mato Grosso do Sul tem 24 profissionais com suspeita de Covid-19, 28 confirmados em quarentena e 13 recuperados. Do total de 67 profissionais infectados em Mato Grosso do Sul, 57 são mulheres, sendo que 80% tem entre 20 e 50 anos. No Brasil a realidade mostrada é de 17 mil casos com 70 óbitos, sendo um em Mato Grosso do Sul.