Opinião |Em Corumbá, valorização do professor é presente que só chega em ano eleitoral

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  • Post publicado:6 de abril de 2020

Anos de litígio entre categorias sindicais e administração pública, greve, falta de diálogo, portas fechadas, ausência de reajuste base, reclamação por direitos salariais e desculpas de crise financeira. Todos esses problemas e os pretextos dados pelo poder executivo aos profissionais de educação em Corumbá são águas passadas.

É o milagre da multiplicação dos recursos que acontece de quatro em quatro anos, mas coincidentemente sempre no período pré-eleitoral.

E quando digo milagre, acreditem, é algo realmente que nos remete às escrituras sagradas como na passagem onde Jesus transforma cinco pães e dois peixinhos em fartura para alimentar uma multidão.

Se nos anos anteriores, o chefe do poder executivo de Corumbá, alegadamente pela crise em que estava afundada a economia do país e da maioria dos municípios, dizia não conseguir conceder mais do que 4,94%  de reajuste salarial aos professores em 2019 (abaixo da inflação) e 7,61% referente a 2017 e 2018 pago de forma parcelada em quadrimestres, eis que o período pré-eleitoral que precede as eleições de 2020 derrubou todos esses problemas ao chão.

A crise deixou de ser motivo, a queda de arrecadação não é mais um problema e como num passe de mágica, lá está o tão almejado reajuste salarial aos até então, desprezados professores corumbaenses.

A proposta de 6,42% de reajuste para os professores foi anunciada na semana passada e segundo o prefeito Marcelo Iunes, deve passar a vigora a partir do dia 1º de julho. E para fazer jus ao dito popular de que em ano eleitoral as “bondades” precisam ser feitas de forma dobrada, o benefício irá se somar aos 5,13% que já haviam sido concedidos através de lei complementar publicada no dia 27 de março de 2020, totalizando 11,55% em um único ano.

Realmente uma superação para atual administração que passou os últimos três anos, em litígio com a categoria, e utilizando o pretexto da crise financeira para conceder reajustes ínfimos que em nada demonstravam o apreço e mínimo de respeito ao profissional responsável pela formação de quem será o futuro do nosso país.

Mas 2020 é ano eleitoral, vamos combinar! O que fizeram não é mais do que a obrigação, então, vamos direto ao milagre, aquele que mencionei um pouco mais acima.

Nesta segunda-feira (6), os abençoados foram os técnicos escolares, que tiveram o anúncio de um reajuste na casa dos 72%. Não é um erro de digitação, é mesmo 72% de aumento salarial aos técnicos de educação em seus vencimentos base que passaram dos atuais R$ 1.405,27 para R$ 2.419,11 por mês.

Ainda conforme o município, a medida também beneficiou os Técnicos de Laboratório; Técnicos de Higiene Dental; Técnicos de Enfermagem; Técnicos de Radiologia; Agentes de Fiscalização Sanitária; Técnicos de Serviços de Saúde II – Cuidadores em Saúde Mental; Técnicos de Serviços de Saúde II – Tecnologia da Informação; Técnicos de Serviços de Saúde II – Técnicos em Segurança no Trabalho; Desenhista Projetista e Fiscais de Posturas.

Destaco que sou totalmente a favor da valorização profissional dos professores e técnicos educacionais, assim como aos demais servidores, merecedores de cada percentual atribuído aos seus vencimentos. Mas não há como deixar de perceber a mudança tão oportuna de comportamento do chefe administrativo do município, com essa categoria que em outrora nem mesmo recorrendo ao ato constitucional da greve, tiveram o seu “reconhecimento” assumido em forma de merecidos reajustes.  

É o milagre do ano eleitoral.

*O artigo é um conteúdo de responsabilidade do autor sem expressar necessariamente a opinião do jornal   

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