Uma semana se passou desde a visita desastrosa do ministro boliviano Fernando López, que protagonizou um “showzinho” para as câmeras criticando o controle fronteiriço feito pelos servidores na fronteira entre Corumbá e Puerto Quijarro.
Na oportunidade, o ataque de histerismo do representante do governo andino se voltou até para o lado quem sempre estendeu as mãos para população de seu país. Fernando Lopez criticou a postura do governo brasileiro frente ao controle do Coronavírus na América do Sul e determinou que nenhuma “libélula” passaria em sua fronteira, como se a propagação do vírus estivesse condicionado a entrada de estrangeiros em seu país através do Brasil.
O resultado é que assim como ocorre em todo o mundo, apesar do fechamento das fronteiras, o número de casos de covid-19 confirmados na Bolívia continua a crescer, independentemente de a entrada de estrangeiros ter sido proibida.
O destemperado ministro só esqueceu de após ordenar o fechamento da fronteira, determinar também que fosse fornecido à população que ele tanto se diz preocupado em proteger, meios de subsistência e atendimento médico, ao menos o básico e emergencial.
Mas não é isso que se vê pelo lado boliviano da fronteira. Diariamente, o país a que o ministro se referiu com tanta fúria, é obrigado a arcar com a irresponsabilidade do seu governo e fornecer atendimento aos cidadãos bolivianos, embora o ato humanitário, possa colocar em risco o atendimento dos próprios cidadãos brasileiros.
Mesmo com a fronteira fechada, a chegada de ambulâncias na emergência da Santa Casa de Corumbá que conta com apenas 10 leitos de UTI’s para o atendimento da população de duas cidades (Corumbá e Ladário), que juntas, somam uma média de 125 mil habitantes é constante.
Na noite desta segunda-feira (30) e na tarde desta terça-feira (31), a chegada das ambulâncias que vem da cidade de Puerto Quijarro, foram registradas por leitores que enviaram as imagens para redação do Folha MS.
À reportagem, apurou que na noite de segunda-feira, se tratava de uma mulher com problema renal, diabética e que já havia sido internada na Santa Casa de Corumbá onde foi feito o procedimento e orientada a procurar o serviço de saúde do seu país, mas retornou à Santa Casa relatando que o serviço estava fechado em Santa Cruz.
Nesta terça-feira, a procura foi feita por outra paciente renal, porém sem tratamento médico anterior que buscava atendimento. Os dois casos são referentes a pacientes de nacionalidade boliviana, que moram em Puerto Quijarro, sem registro no SUS.
Ainda conforme apurou a reportagem, a Santa Casa não está oferecendo mais atendimento renal para novos pacientes estrangeiros pois se encontra com as vagas todas preenchidas. Ambas teriam sido orientadas novamente a buscar atendimento em seu país de origem, uma vez que o atendimento não se enquadrava em casos de emergência.
Se pudéssemos dar um conselho aos “Hermanos”, seria reivindicar menos gritos e mais trabalho por parte dessas “autoridades”. Fechar as rodovias para cobrar investimento na saúde como fazem para outras “prioridades”, seria uma boa, afinal, a região que possui até uma faculdade de medicina, não possuir um hospital capaz de atender sua população com serviço básico de urgência parece até brincadeira.
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