A Polícia Civil concluiu que o primeiro abuso na menina de 10 anos, morta pela própria mãe em Brasilândia, na região leste do estado, ocorreu no último Dia das Crianças. Ao G1 o delegado Thiago Passos, responsável pelas investigações, disse que o suspeito, inicialmente, negou o crime, porém, depois confessou que ficou sozinho com a vítima quando a mãe e os irmãos dela viajaram para o interior de São Paulo.
“A menina foi violentada no dia 12 de outubro e contou para a mãe assim que ela chegou de viagem. Ela não tomou nenhuma providência. A outra vez nós acreditamos que foi recente. O estupro provavelmente ocorreu horas antes ou dias antes da morte dela, segundo testemunhas e lesões observadas na vítima. E a menina também teria novamente se queixado com a mãe”,
Delegado Thiago Passos
Nessa quarta-feira (25) o homem de 47 anos foi encaminhado para um presídio de Bataguassu, a 335 km de Campo Grande. Já a mãe, que estava em um presídio feminino de Três Lagoas, foi transferida para Corumbá após ameaças e xingamentos por parte de outras detentas, ainda conforme a polícia.
Sobre a conclusão do inquérito, o delegado fala que até a próxima terça-feira (31) pretende encaminhá-lo ao Ministério Público. “É o prazo de 10 dias que eu tenho e será encaminhado. Vai ficar somente a pendência dos laudos periciais”, explicou Passos.
Mãe disse que “estava com muita raiva”
Também questionada sobre o crime, a suspeita de 29 anos, presa por matar e enterrar a própria filha, disse que somente em juízo vai falar o motivo que a levou a cometer tamanha brutalidade, segundo a polícia.
“Ela disse que falaria somente em juízo, mas, de maneira informal, nós gravamos um vídeo e ela narrou como levou a filha até o local, além de dar detalhes de como enforcou, asfixiou e a colocou no buraco. Questionada sobre o motivo, ela disse somente que “estava com muita raiva” e explicará, em juízo, a motivação. Em 20 anos de polícia, nunca vi alguém agir com essa maldade e frieza. Aliás, espero nunca ver de novo”, afirmou na ocasião o delegado.
Conforme a investigação, enquanto a mãe fazia tratamento para dependência química, a menina já esteve em um abrigo. Ao voltar para o convívio da mãe, ela passou a conviver com os irmãos e o padrasto. Ao todo, a suspeita possui quatro filhos, com idade entre 8 a 13 anos. O mais velho, inclusive, teria ajudado a mãe a cometer o delito, ainda conforme a polícia.
A mulher foi autuada em flagrante por homicídio qualificado pelo motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima, crime praticado para ocultar outro crime; ocultação de cadáver e corrupção de menor. Ela foi encaminhada para o Presídio Feminino de Três Lagoas. Ela já tinha passagens por tráfico de drogas e furto.
Entenda o caso
A mulher de 29 anos está presa desde a noite do último sábado (21), em Brasilândia. Segundo a Polícia Civil, a mãe contou que matou a menina de 10 anos porque ela acusava o padrasto de abuso sexual. O irmão da vítima, de 13 anos, foi apreendido. Ele confessou que ajudou a mãe a matar a irmã e que ela foi enterrada viva. “Ela pedia por socorro dentro do buraco”, disse o menino à polícia.
A polícia soube do caso pela própria mãe. Depois de ir três vezes ao local do crime para constatar se a filha estava morta, a mulher procurou a delegacia de Polícia Civil e disse que a menina havia desaparecido após ter sido deixada por ela em uma praça com o irmão. Horas depois, ligou para a Polícia Militar (PM) e contou que havia matado a criança e queria se entregar.
Os policiais então foram ao encontro da mulher, ela falou sobre o que havia acontecido e levou os militares ao local do crime: um buraco perto do lixão do município. Lá, foi encontrado o cadáver da menina, enterrado de cabeça para baixo.
A Polícia Civil e o Conselho Tutelar foram informados e em conversa com o irmão da vítima, ele confessou que havia ajudado a mãe. Ele tinha arranhões nas pernas, o que fez com que fosse levantada suspeita sobre o envolvimento dele.
O adolescente contou aos policiais que a mãe derrubou a filha no chão e passou a enforcá-la com fio elétrico. Na versão do garoto, a irmã pedia por socorro para que não fosse morta. Em seguida, eles encontraram um buraco no chão e colocaram a vítima ainda viva, enterrando em seguida, ficando apenas os pés para fora.
Conforme a Polícia Civil, o médico legista observou, no exame necroscópico, que a vítima apresentava várias lesões pelo corpo, indicando possível ocorrência de tortura. A causa da morte foi asfixia mecânica por compressão do tórax, compatível com o relato do adolescente.
O garoto revelou ainda que a mãe ficou enfurecida porque a irmã havia dito que estava sendo abusada sexualmente pelo padrasto e prometeu matá-la caso continuasse falando sobre o assunto. Em seguida, ela chamou ambos para sair de carro e parou em uma estrada fora da cidade, onde iniciou as agressões e matou a filha.