Opinião| Qual o motivo de Corumbá não conseguir gerar empregos?

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Corumbá MS
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Pensar em qualidade de vida, em oportunidade para todos e em geração de renda é promover verdadeira e efetivamente o desenvolvimento local integrado com sustentabilidade e compromisso social.

Corumbá tem uma localização geopolítica importante, com grandes riquezas naturais (minério, flora e fauna nativa, turismo a ser estimulado, rebanho bovino e caprino e agricultura familiar ainda incipiente) e – o mais importante – uma população com uma extraordinária capacidade de luta, bastante alegre e de valor humano incomum.

Cabe, portanto, uma administração municipal comprometida com a gente, com o povo corumbaense, tomar a iniciativa corajosa e inadiável de definir com a sociedade, os empreendedores e os trabalhadores, e elaborar uma agenda de progresso, visando à implementação do comércio, da indústria, da pesca, do turismo, da agricultura e da pecuária.

Valorização do comerciante local, com a aquisição de bens de consumo pela prefeitura, bem como o fortalecimento desse laborioso segmento econômico com a adoção de mecanismos de incentivo para a ampliação da atividade mais antiga da região, além da necessária capacitação dos comerciários, para fazer frente à modernização e à globalização neste início de novo século.

 É urgente que o município estimule o desenvolvimento do trade de turismo (agências, guias de turismo, hotéis, restaurantes, pousadas, táxis etc), ampliando o leque de opções ao visitante, desde o turismo de pesca, o ecoturismo, o turismo de eventos (carnaval, São João, festividades tradicionais como as religiosas) e investindo na profissionalização dos operadores, do mais humilde ao mais estruturado.

Além de promover, em parceria com o estado e a União, a diversificação das atividades industriais, indo além da simples extração mineral.

O município deve ser propulsor de iniciativas como a agroindústria e a indústria da alimentação, de modo a aproveitar o couro, o osso, as diversas carnes e demais peças do rebanho de corte, o leite e a produção agrícola para a produção de laticínios e doces artesanais que tornem Corumbá referência no país.

 É inadmissível que Corumbá, situada em região estratégica, não aproveite sua condição peculiar e invista efetivamente na intermodalidade de transportes (aquaviário, ferroviário, rodoviário e aeroviário), transformando-se em polo de transportes intermodais.

Para isso, a administração municipal precisa empenhar-se na adoção de uma política efetiva de transportes, além de fazer parcerias com as empresas já instaladas e as esferas estadual e nacional, de modo a otimizar a infraestrutura disponível e reduzir o custo com a logística para assegurar maior competitividade à produção regional e nacional neste mercado cada vez mais concorrido.

Corumbá tem, além dos sete assentamentos rurais, importantes colônias tradicionais ribeirinhas em sua extensa mas esquecida área rural. Não é possível que o município ainda não tenha uma política de valorização da atividade rural, sobretudo da agricultura familiar, que é a mais pujante hoje no Brasil.

Mais que desenvolver iniciativas isoladas, é fundamental que o município invista na realização de parcerias com a Embrapa, a UFMS,  Agraer , para diversificar as atividades rurais e aumentar o número de empreendedores em Corumbá, de modo a reduzir a dependência de atravessadores ou grandes empreendedores que fazem municípios de porte médio, como Corumbá, reféns das oscilações do mercado, e, sobretudo, incentivar a oferta de alimentos com menor custo para a população como um todo.

Nesse âmbito, a criação de um centro de abastecimento de produtos agrícolas (um CEASA menor, como se fosse uma feira ou mercado do produtor, com toda a infraestrutura disponível).

 Investir no melhoramento da infraestrutura existente para reduzir os custos dos atuais criadores de rebanho de corte e de leite, além da criação de um abatedouro sanitário municipal para assegurar uma carne saudável do ponto de vista sanitário e permitir a regularização das atividades existentes, livres de monopólio, bem como a implantação de uma usina de pasteurização de leite sob a gestão do município, de modo a assegurar a oferta de leite de produção local para a população em condições sanitárias recomendáveis.

 Além de capacitar os pescadores e suas famílias, por meio de parcerias com instituições de pesquisa e ONGs reconhecidamente idôneas, é fundamental que esses trabalhadores, integrantes de nossa população tradicional (como ribeirinhos que são), tenham acesso a fontes de financiamento de recursos como os oriundos da Secretaria Nacional de Aquicultura e Pesca para que possam estar se adaptando aos novos tempos sem perder sua identidade de pantaneiros (com toda a sua cultura tradicional) e dando oportunidade de vida digna às suas famílias com a oferta do peixe em condições higiênicas e preços acessíveis a toda a população.

Portanto precisamos de uma administração municipal voltada para o homem e seu ambiente integrado, ao mesmo tempo em que serão priorizadas as iniciativas de tirar Corumbá deste compasso de espera em que se encontra por décadas a fio.

professor
Erisvaldo Batista

*O artigo é um conteúdo de responsabilidade do autor sem expressar necessariamente a opinião do jornal   

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