Elas ainda são minoria, mas a mudança tem sido visível e as mulheres ocupam cada vez mais espaço no agronegócio em Mato Grosso do Sul. Elas deixam o papel de coadjuvante de lado, buscam qualificação profissional e passam a assumir o protagonismo nas propriedades rurais do estado.
Dados do último Censo Agropecuário do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que as mulheres já estão no comando de 13,6 mil propriedades, o que representa 19% das fazendas em MS.
Quem antes servia para auxiliar o pai, irmão ou marido na propriedade, agora também passa a liderar e a qualificação profissional tem um grande papel nisso. Segundo a palestrante e escritora Helda Elaine, para ter papeis de destaque no agronegócio, as mulheres, cada vez mais, buscam conhecimento em faculdades de veterinária, zootecnia, administração ou agronomia, por exemplo.
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“A mulher tinha uma participação no agronegócio que ficava escondida, ela ajudava e tinha algumas funções como tirar o leite, por exemplo, mas agora [a atuação da mulher] tem sido percebida. Ela desempenha papeis de liderança, de destaque, ela não fica mais no segundo plano”, explica.
Dados do IBGE apontam que entre 2006 e 2017, o total de estabelecimentos nos quais o produtor é uma mulher elevou-se de 10,5% para 19,1%.
Segundo a Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), a sucessão familiar tem um papel importante na atuação feminina no campo. Com o exemplo dos pais, filhas veem potencial no setor e as possibilidades de ampliar a produtividade.
A diretora técnica do Sistema Famasul, Mariana Urt pontua que a presença de mulheres está em todos os elos das cadeiras de Mato Grosso do Sul. Elas desempenham atividades que contribuem com o desenvolvimento e a inovação do setor, onde aplicam técnicas sustentáveis e empreendem, movimentando a economia.
“Podemos destacar a crescente participação feminina que passou de 24%, em 2004, para 27%, em 2015. Elas são pecuaristas, pesquisadoras, administradoras, agricultoras, executivas de empresas do setor e empreendedoras, possuem habilidades e estão apoiando ou liderando negócios rurais, características necessárias para o desenvolvimento da empresa”, ressalta Mariana.SAIBA MAIS
Para colaborar e desenvolver competências de empreendedorismo e gestão com o público feminino, o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) desenvolve o programa Mulheres em Campo em Mato Grosso do Sul. O programa trabalha com os seguintes temas: diagnóstico e empreendedorismo, planejamento, custos de produção, indicadores de viabilidade e comercialização, desenvolvimento pessoal e tópico especial.
Entre os diferenciais das mulheres no campo, estão a capacidade de cooperar. Segundo a palestrante Helda Elaine, elas têm mais facilidade para se relacionar com as outras pessoas envolvidas no negócio e ainda têm disposição para resolução de problemas. “Elas não deixam nada quieto, querem resolver logo, não empurram com a barriga. Elas têm um perfil interessante para a gestão, traz mais humanização”, afirma.
Para Helda, é importante que a mulher perceba seu potencial no agronegócio para se desenvolver cada vez mais. Assim, elas podem deixar de ser a esposa, irmã ou filha do produtor para se tornarem verdadeiras mulheres de negócios.
“Ela tem que perceber sua potencialidade, seu poder, sua força, sua habilidade e valorizar esse diferencial. Descobrir como utilizar isso e ocupar este espaço de liderança e somar, para que todos trabalhem em união, de forma cooperativa”, conclui.