A menina de 12 anos que foi acorrentada pelo pai para não sair de casa, fugiu do abrigo onde estava acolhida desde o último dia 4 de janeiro. A menina foi vista transitando pelas ruas do bairro Santa Emília, em Campo Grande, conforme testemunhas. O caso tomou repercussão na última semana após o pai da menina procurar a Polícia Militar para dizer que acorrentou a filha, pois ela queria se encontrar com um namorado. O pai foi preso por maus-tratos.
A menina foi retirada do convívio familiar e levada para um abrigo, após afirmar que a mãe sabia das agressões e nada teria feito.
A informação obtida pela reportagem do Jornal Midiamax seria que a menina – que foi vista na tarde de ontem no bairro Santa Emília, fugia constantemente de casa e que já foi resgatada pelos pais em uma boca de fumo. A mãe da menina, uma diarista de 43 anos relatou que a filha há pelo menos três anos tem tido problemas nas escolas pelas quais passou e em casa, além de já ter histórico de fugas.
De acordo com o relato da mulher, com 9 anos ela começou a faltar nas aulas, enquanto a mãe trabalhava. Na época ela ficava aos cuidados da irmã mais velha, que ao notar que o caderno da escola não tinha anotações, procurou a direção do colégio. Na diretoria, descobriu que a menina mentiu que a mãe dela tinha sofrido um acidente e estaria em cadeira de rodas para poder faltar às aulas.
Desde então houveram problemas no relacionamento dos pais com a menina. O último caso terminou com a prisão do pai, pedreiro de 32 anos. A mãe afirmou já não saber mais o que fazer e ainda contou que já procurou ajuda no Conselho Tutelar do Aero Rancho diversas vezes, mas nunca teve qualquer orientação e até mesmo já chegou a ser ironizada por causa da filha.
Além da menina de 12 anos, ela tem com o atual marido um menino de 12 anos e uma menina de 7 anos. Ela também tem filhos de 23 e 25 anos de outro casamento. “Sempre trabalhei para dar tudo para meus filhos”, contou. A mãe da menina contou que por várias vezes a filha fugiu de casa e que chegava a ficar um ou dois dias fora até reaparecer na casa da avó, no São Conrado, ou ser encontrada na rua, pedindo comida em casas e dizendo que passava necessidades.
Segundo a Polícia Civil, será apurado se o Conselho Tutelar, que disse acompanhar a família, teria passado os fatos a autoridade policial.
Entenda
O pai levou a filha até o Batalhão da Polícia Militar do Coophavila no sábado (4), após contar aos militares que havia acorrentado a menina para evitar que ela se encontrasse com um namorado. No dia a adolescente teria contado ao pai que estaria grávida.
Mesmo acorrentada, a menina conseguiu fugir e foi encontrada pelo pai no cruzamento das ruas Marinha com Península, sendo levada para o pelotão policial. Os militares acionaram o Conselho Tutelar para acompanhar o caso e questionaram se a menina era agredida pelos pais, fato confirmado por ela. A menina tinha hematomas no braço e nas pernas e confirmou que foram provocados pelo pai.
A mãe da adolescente contou que que a menina fugiu na sexta-feira (3) e quando voltou para casa contou que estava grávida. O pai se alterou, mas a mãe começou a questionar a filha sobre como ela sabia que estava grávida. O fato acabou desmentido quando a menina disse que fez um teste no posto de saúde, já que o posto teria acionado o Conselho Tutelar e a família caso ela estivesse grávida.
O pai foi preso em flagrante e na segunda-feira (6) passou por audiência de custódia, sendo que a Justiça manteve sua prisão. Ele já tinha processos por maus-tratos desde 2015. O homem foi indiciado por cárcere privado e lesão corporal.